Medalhista olímpico Caio Bonfim tinha ossos frágeis e pernas tortas na infância
Marchador fez cirurgia ainda na infância, superou vários problemas de saúde e, sem sequelas, conquistou a medalha de prata inédita em Paris
O quadro de medalhas do Brasil nos Jogos Olímpicos de Verão em Paris 2024 tem na marcha atlética a contribuição e conquista de Caio Bonfim, um atleta que nasceu com as pernas tortas. O marchador chegou em segundo lugar na prova na quinta-feira (1) e nesta sexta-feira (2) colocou a medalha de prata inédita para o país no peito durante cerimônia no Stade de France.
O atleta nasceu em Sobradinho, no Distrito Federal e aos 7 meses de idade precisou enfrentar seu primeiro desafio. Caio teve uma meningite e duas pneumonias. Como era intolerante à lactose, sem o consumo do cálcio, seus ossos se fragilizaram e ele ficou com pernas arqueadas e tortas.
Com três anos de idade, o medalhista precisou ser operado e os médicos garantiram que ele teria dificuldades para andar. Mas Caio foi além e não só andou, como marchou.
@cazetvoficial ESSA AQUI É UM POUCO DA HISTÓRIA DO Caio Bonfim! 🥈🇧🇷💚💛 Ele nunca desistiu do seu sonho e chegou lá, VOCÊ É GIGANTE, CAIO! 👏👏 #JogosOlimpicos #Paris2024 #OlimpíadasNaCazéTV ♬ som original - CazéTV
Cirurgia ainda na infância é essencial
Em entrevista ao Terra Você, o ortopedista e traumatologista, Marco Aurélio Silvério Neves, especializado em cirurgias de próteses de quadril e joelho, explica que a principal causa de deformidade e alterações ósseas na infância é por questões nutricionais.
“Uma deficiência de vitamina D, cálcio, fósforo, que nos casos extremos é diagnosticada como o raquitismo, que é a condição nutricional que leva a falta desses nutrientes, mais infecções sucessivas, como a meningite, a pneumonia, elas podem ajudar a ter essa alteração na condição geral da nutrição de uma criança”, explica o especialista.
O ortopedista detalha que uma pessoa que tem uma deformidade na infância e carrega isso ao longo da sua vida, tem uma chance maior de ter desgaste dos joelhos, das articulações dos membros inferiores, assim como dos quadris e dos tornozelos. No entanto, por ser essa articulação central e de bastante capacidade de absorver carga, o joelho pode ficar afetado.
O médico conta que o principal objetivo da cirurgia para corrigir essas deformidades na infância é justamente preservar as articulações no futuro.
“Sem dúvida nenhuma, o tratamento precoce, e nesse caso específico, o fato de ter sido feita uma cirurgia ainda na infância e perto dos três anos, evitou que essa deformidade causasse uma sobrecarga e um desgaste futuro no paciente”, diz o profissional.
O médico destaca que toda a atividade de alto impacto e todo o esporte de alto rendimento num nível olímpico tem o potencial de sobrecarregar os ossos e as articulações e pondera que o atleta só conseguiu esse resultado porque o tratamento foi bem sucedido.
“Depois das correções da deformidade, muito bem realizadas pelas equipes ortopédicas, ele ficou com uma condição normal e a maior prova disso é a conquista e esse resultado num nível olímpico”, comenta o ortopedista.
Como foi uma condição de infância bem tratada e cuidada, que evitou qualquer tipo de sequela e permitiu ao atleta uma condição física normal, o especialista revela que o único cuidado que ele precisa ter é o mesmo que se tem com todos os atletas de nível olímpico: um bom acompanhamento nutricional, funcional, físico e muscular.