Medicamento reduziria em 79% risco de forma grave da covid-19
Testado em 101 pacientes e ainda não revisto por pares, tratamento inalatório desenvolvido por laboratório britânico usa uma proteína natural que está envolvida na resposta do organismo ao vírus
Um medicamento chamado SNG001 reduziria em 79% o risco de se desenvolver uma forma grave da doença covid-19, apontam resultados preliminares divulgados nesta segunda-feira (20) pelo laboratório britânico que o produziu, Synairgen. Este tratamento inalado usa interferon beta, uma proteína natural que está envolvida na resposta do organismo aos vírus.
O estudo realizado pela Universidade de Southampton em 101 pacientes, de 30 de março a 27 de maio, concluiu que aqueles tratados com o medicamento têm 79% menos chances, em relação aos que receberam o placebo, de desenvolver formas graves da doença. Essas formas obrigam ao uso de respirador e podem levar à morte.
Os pacientes tratados com SNG001 têm duas vezes mais chances de se recuperar a ponto de retomar suas atividades diárias, como se não tivessem sido infectados, do que aqueles que receberam um placebo. Três dos pacientes (6%) tratados com placebo morreram, enquanto não houve mortes entre aqueles que foram tratados com SNG001.
O estudo foi realizado em uma amostra relativamente pequena de pacientes e ainda não teve revisão por pares, mas poderia revolucionar a maneira como a covid-19 é tratada.
"Os resultados confirmam nossa crença de que o interferon beta tem um enorme potencial como tratamento inalatório para restaurar a resposta imune dos pulmões, melhorando a proteção, acelerando a recuperação e combatendo o impacto do vírus Sars-CoV-2", declarou o professor Tom Wilkinson, professor de medicina respiratória da Universidade de Southampton, que liderou o estudo.
Até agora, apenas um medicamento, a dexametasona, provou ser eficaz para salvar pacientes da covid-19. Outro tratamento, o antiviral remdesivir, reduz o tempo de internação, mas não a mortalidade.
Resposta imunológica ao coronavírus
Os casos mais graves de infecção pelo novo coronavírus tem uma assinatura única, segundo estudo de cientistas franceses publicado na revista Science. Trata-se de uma inflamação exacerbada e deficiência na resposta imunológica do interferon do tipo 1, uma proteína que ajuda a combater as infecções virais.
O trabalho sugere que uma produção maior de interferon - proteína utilizada no medicamento do laboratório Synairgen - poderia ser benéfica no combate à doença. /Com AFP