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Meia taça de vinho por dia já eleva risco de câncer de mama, indica pesquisa

Estudo também confirma que praticar exercícios com regularidade diminui o risco de ter a doença.

23 mai 2017 - 11h46
(atualizado às 12h09)
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Mulher bebe taça de vinho tinto
Mulher bebe taça de vinho tinto
Foto: BBC News Brasil

Uma pesquisa confirmou a ligação entre o consumo de álcool e um risco maior de câncer de mama em mulheres.

De acordo com um estudo, do Fundo Mundial para Pesquisas sobre Câncer, meia taça de vinho ou um copo pequeno de cerveja já pode aumentar o risco.

O mesmo estudo também confirmou que exercícios regulares de alta intensidade podem reduzir o risco de sofrer da doença.

Mas é assim tão simples?

O câncer de mama é o segundo tipo de tumor maligno mais incidente entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Mas os médicos ainda não conseguem explicar por que esse tipo de câncer afeta algumas pessoas e não outras.

Há vários fatores envolvidos, incluindo estilo de vida, níveis de hormônios e outras condições médicas. Basicamente, é um conjunto de causas e não faz muito sentido focar em apenas uma delas.

Família caminhando
Família caminhando
Foto: BBC News Brasil

Então quais são os riscos para o câncer de mama?

Para começar, há alguns fatores impossíveis de controlar, como sexo, idade, altura, genes e início da menstruação.

Ser mulher, ter mais de 50 anos, ter passado pela menopausa e ter um histórico de câncer de mama na família são fatores que aumentam o risco de ter a doença.

Ser alta e ter começado a menstruar antes dos 12 anos de idade também são considerados riscos.

No total, o Centro de Pesquisa sobre o Câncer do Reino Unido lista 18 fatores diferentes que podem, até certo ponto, ser a causa do câncer de mama. O álcool é um deles.

O que isso realmente significa?

Significa que a cada 100 mulheres, cerca de 13 provavelmente terão câncer de mama de qualquer maneira.

E, se todas elas beberem uma taça pequena de vinho todos os dias, um caso extra pode ser desenvolvido nesse grupo de 100 mulheres.

Mulheres correndo
Mulheres correndo
Foto: BBC News Brasil

Exercícios e dieta

A pesquisa também indicou que praticar exercícios mais intensos, como correr ou andar de bicicleta, diminui o risco de câncer de mama na pós-menopausa em 10% na comparação com mulheres menos ativas.

Amamentar também diminui o risco da doença. E há evidência, embora ainda limitada, de que comer verduras como repolho e espinafre diminuem o risco de um tipo menos comum de câncer de mama.

Já se sabe que exercícios físicos regulares, uma dieta balanceada e manter um peso saudável são importantes para reduzir o risco de muitas doenças, incluindo vários tipos de câncer.

Mas os cientistas afirmam que todos esses fatores interagem entre si, o que dificulta identificar quais estão causando o câncer e até que ponto.

Qual é a recomendação para o consumo de álcool?

Novas recomendações médicas introduzidas em 2016 na Grã-Bretanha dizem que homens e mulheres não devem beber mais de 14 unidades por semana - o equivalente a três litros de cerveja ou sete taças de vinho - e alguns dias devem ser livres de álcool.

As recomendações, feitas pelo Chief Medical Officer (CMO na sigla inglesa, o principal assessor para assuntos de saúde do governo), são baseadas em pesquisas que mostram que qualquer quantidade de álcool pode aumentar o risco de câncer. Mulheres grávidas são aconselhadas deixar o álcool de lado.

Qual foi a reação a essa pesquisa?

Especialistas em câncer dizem que as descobertas não trazem dados novos sobre a ligação entre álcool e câncer de mama, que é bastante conhecida.

Se quiser manter a situação a seu favor, eles dizem que é uma boa ideia não beber álcool por alguns dias da semana e não aumentar a ingestão de bebidas alcóolicas.

No entanto, o instituo Cancer Research diz que não há motivo para alarme - é preciso ter uma visão ampla da situação.

Consumir álcool tem um efeito maior nos riscos de vários outros tipos de câncer - incluindo de boca, fígado e bexiga - do que no de câncer de mama, então não há motivo para focar no álcool.

Kevin McConway, professor emérito de estatística aplicada da Open University (universidade aberta britânica), diz que os riscos "devem ser considerados em relação ao prazer que as mulheres podem ter ao beber".

A pesquisa não determina riscos absolutos e, portanto, não serve como base para recomendar que as mulheres parem de beber completamente, segundo David Spiegelhalter, professor de estatística da Universidade de Cambridge.

Porém, Anne McTiernan, líder do estudo e especialista em câncer do Centro Fred Hutchinson de Pesquisa em Câncer, de Seattle, nos Estados Unidos, afirma que a evidência sobre câncer de mama é clara.

"Ter um estilo de vida ativo fisicamente, manter um peso saudável ao longo da vida e limitar a quantidade de álcool são passos que as mulheres podem tomar para diminuir esse risco".

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