'Menopausa' masculina: o que é a andropausa, condição desconhecida por 57% dos homens?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, 57% da população masculina nem mesmo conhece a existência da condição
A testosterona baixa afeta, de forma leve ou moderada, cerca de 25% dos homens, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Entre 40 e 55 anos, algumas mudanças podem ser percebidas, como perda de energia e massa muscular, baixa libido, disfunção erétil e alterações de humor.
A condição chamada de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), é conhecida popularmente como andropausa e não recebe a devida atenção. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 57% dos homens desconhecem a sua existência.
O urologista Rodrigo Bocos, em entrevista ao médico e oncologista Drauzio Varella, diz que a maior dificuldade para cuidar da saúde do homem é a própria procura, pois “ele tende a postergar qualquer tipo de problema e não tem costume, muito menos regularidade, de ir a consultas ou realizar acompanhamentos médicos”.
“Mesmo sintomático, mesmo sabendo que tem alguma coisa errada, o homem vai se acostumando e deixando para depois, não percebe que aquilo é um problema. Existe uma falta de conhecimento do próprio corpo. Então, quando ele chega ao médico, o problema já está num estágio mais avançado”, explica Bocos.
Devido ao processo natural de envelhecimento, a produção de testosterona nos homens é afetada, caindo, em média, 1,2% ao ano. Apesar de similar à menopausa de pacientes do sexo feminino, também caracterizada por um declínio na produção hormonal que pode acontecer nessa mesma faixa etária, a andropausa é um pouco diferente, visto que o homem continua fértil.
Entretanto, a manifestação dos sintomas afeta diretamente a saúde e o bem-estar. Além da manutenção da libido e do desenvolvimento de tecidos reprodutivos masculinos, o hormônio está relacionado a processos metabólicos importantes, como a formação dos ossos, a produção de células sanguíneas e a função hepática.
Reposição hormonal deve ser feita com cuidado
Ao perceber os primeiros sinais, é preciso consultar um urologista ou um clínico geral, que irá pedir que o paciente realize exames para medir a dosagem de testosterona total no organismo. A taxa considerada normal é de 300 ng/dl, como informam a SBU e o Conselho Federal de Medicina (CFM).
Caso os exames apontem que os níveis estão abaixo desse valor, o médico deve investigar a deficiência e, se necessário, indicar a reposição hormonal, considerada um dos principais tratamentos para a andropausa.
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo reforça que o uso da testosterona tem somente uma indicação, que é naquele indivíduo que tem sinais de DAEM e confirmação laboratorial de que os níveis do hormônio estão baixos. Caso contrário, há mais riscos do que benefícios.
Entre os diversos efeitos colaterais apontados no uso não recomendado de testosterona estão:
- Ginecomastia (crescimento do volume das mamas);
- Hipertensão arterial;
- Hipertrofia cardíaca;
- Elevação do colesterol;
Aumento do risco de infarto agudo do miocárdio.
De acordo com a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), existe a preocupação de que o tratamento possa propiciar o crescimento de um câncer de próstata existente ou aumentar o risco de desenvolvê-lo.
A testosterona é um hormônio masculino que estimula a multiplicação das células prostáticas. Por isso, não costuma ser recomendada para homens com histórico dessa doença, principalmente em casos de câncer de próstata avançado.
Estilo de vida saudável pode ajudar
A ANHP afirma que, embora não exista uma prevenção definitiva para a andropausa, devido ao seu caráter natural associado ao envelhecimento, adotar algumas medidas pode ajudar. Entre elas estão manter um estilo de vida saudável, praticar exercícios físicos regularmente, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
Dessa forma, manter bons hábitos pode diminuir os sintomas e dispensar a necessidade de reposição de testosterona. Também podem ser recomendadas outras abordagens, como usar medicamentos para tratar sintomas específicos, como a disfunção erétil, e apoio psicológico para lidar com o estresse.
A SBU recomenda uma dieta balanceada para manter as taxas do hormônio sob controle, evitando o excesso de gorduras saturadas, alimentos processados e açúcar.