Microplásticos são encontrados no coração humano pela 1ª vez; qual é o impacto disso na saúde?
Material já havia sido identificado no sangue e em outros órgãos, mas este é o local mais profundo do corpo humano em que ele foi descoberto
Médicos chineses encontraram microplásticos no coração humano pela primeira vez. A descoberta, feita por meio da aplicação de laser infravermelho e microscopia eletrônica durante cirurgias cardíacas, foi publicada na revista científica Environmental Science & Technology.
Até o momento, o microplástico já havia sido encontrado no sangue e em partes do corpo humano mais expostas ao ambiente, como pulmões, placenta, útero, boca e anus. O coração é, portanto, o órgão mais profundo e fechado no qual o material já foi encontrado.
"Amostras microplásticas foram coletadas de 15 pacientes de cirurgia cardíaca, incluindo 6 pericárdios, 6 tecidos adiposos epicárdicos, 11 tecidos adiposos pericárdicos, 3 miocárdios, 5 apêndices atriais esquerdos e 7 pares de amostras de sangue venoso pré e pós-operatório", diz a publicação.
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Outro indício de que o microplástico tenha chegado ao coração humano, independentemente da intervenção cirúrgica, é que os cientistas encontraram metil metacrilato (um dos tipos de plástico) no apêndice atrial esquerdo, no tecido adiposo epicárdico e no tecido adiposo pericárdico de alguns pacientes. E, nestes locais, não pode ser atribuída a exposição acidental durante a cirurgia.
Os efeitos potenciais da presença desses materiais nos órgão internos na saúde humana ainda estão sendo estudados. Porém, pesquisas anteriores já demonstraram que esse poluente tem potencial de causar:
- Abortos;
- Infertilidade;
- Reações alérgicas;
- Diferentes tipos de câncer;
- Doenças cardíacas e psíquicas;
Os microplásticos são partículas minúsculas, com menos de cinco milímetros de diâmetro. Eles são eliminados a partir de materiais plásticos comuns. Estão no ar, na água e no solo a partir da decomposição de garrafas, embalagens, tinta e outros produtos feitos de plástico.
Microplásticos nos oceanos pesam o mesmo que dez mil baleias
Os danos ambientais desse lixo tem preocupado os cientistas. Estudo publicado na revista científica Plos One aponta que nada menos do que 171 trilhões de partículas de plástico - o equivalente a 2,3 milhões de toneladas - estão nos oceanos. É o mesmo peso, por exemplo, de 10 mil baleias-azul. Ou 5.137 aviões Boeing modelo 747-8 com carga máxima.
O maior ecossistema da Terra, que cobre 70% do planeta, sofre com acidificação, aumento do nível do mar, poluição difusa, erosão costeira, pesca insustentável, aumento da temperatura das águas, a lista é longa e perigosa.