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'Minha cabeça é como um pêndulo': adulta hiperativa relata drama

17 ago 2015 - 12h57
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Helen Rice tem 50 anos e há dois foi diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Helen diz que a condição afeta todos os detalhes de sua vida, inclusive o trabalho
Helen diz que a condição afeta todos os detalhes de sua vida, inclusive o trabalho
Foto: BBC

"Todo dia, eu acordo uma nova mulher e penso: 'Hoje é o dia em que farei tudo certo e ficarei em cima das coisas importantes ao invés de (adiar)".

"E, todas as noites, vou dormir uma mulher desolada, porque tudo deu errado novamente e não consegui fazer nada. Posso ficar muito triste... depressiva".

Não se sabe o que causa o transtorno. A maioria dos casos é diagnosticada em crianças entre seis e 12 anos, e pesquisas mostram que os pais e irmãos de uma criança com o transtorno têm até cinco vezes mais chances de ter a condição, segundo o NHS, o serviço público de saúde britânico.

Muitos adultos diagnosticados com a condição quando jovens continuam a enfrentar problemas. E o impacto na vida deles inclui desempenho abaixo do esperado no trabalho ou estudos, dificuldades em relacionamentos ou direção perigosa.

A condição afeta todos os detalhes da vida de Helen, inclusive faz com que gerenciar sua loja de reparos de computador seja uma tarefa difícil.

"Tenho esta loja há nove anos. É um negócio de muito sucesso em várias formas, mas constantemente fica à beira da falência porque eu sou uma administradora inútil".

"Quero fazer as pessoas felizes, então eu não cobro delas", diz

Ela tem os chamados "traços clássicos" associados à condição - desorganização, adiamento e uma natureza impulsiva. "Minha cabeça é como um pêndulo".

Helen não está sozinha enfrentando o transtorno. Não há números oficiais para o número de pessoas diagnosticadas com TDAH na idade adulta na Grã-Bretanha, mas o NHS estima que ele afeta cerca de 2% a 5% das crianças em idade escolar e jovens.

Este é o distúrbio comportamental mais comum na Grã-Bretanha.

'Ferrari com freio de bicicleta'

Jonathan Lanham-Cook tem 50 anos. Há dois, ele foi diagnosticado com a doença. Diz que foi um alívio.

"A primeira vez que eu tomei os remédios parecia que alguém desligou o ventilador da minha cabeça. Consegui me focar, escrever e-mails sem ter que fazer malabarismos com um monte de coisas".

Atualmente, há quatro tipos de medicamentos liberados para o tratamento do transtorno. Mas nenhum deles oferece uma cura permanente.

"Há anos sofro problemas - casamentos fracassados, comportamento caótico. Eu realmente tive problemas na escola e cheguei a ser expulso".

"É como ter um motor Ferrari como o cérebro e freios de uma bicicleta", diz, parafraseando o psicanalista Edward Hallowell. "Eu tinha diversas habilidades, mas tinha problemas em controlá-las".

Lanham-Cook trabalha como enfermeiro-consultor de saúde mental em uma clínica na Grã-Bretanha e acredita que os níveis de diagnóstico da doença seguem "lamentavelmente baixos".

A Addiss, uma organização que oferece ajuda a pessoas com a condição, disse que o transtorno é um problema "escondido" e que precisa ser melhor diagnosticado.

O TDAH foi reconhecido como uma condição que afeta adultos apenas em 2008. Andrea Bilbow, diretora-chefe da Addiss, acredita que a psiquiatria adulta "tem sido muito devagar em entender que crianças com o transtorno podem carregá-lo para a vida adulta".

Bilbow acredita que o transtorno em adultos é muitas vezes confundido por profissionais como depressão ou bipolaridade.

Ela defende um aumento da capacidade no atendimento de adultos, recomendando exames e a oferta de tratamento continuado para adolescentes que transitam para a idade adulta.

"Um número expressivo de adultos espera por até dois anos para um exame. Isso significa que jovens adultos que esperam entrar na universidade estão tendo que adiar seus estudos. O mesmo acontece para quem está à procura de emprego", disse.

'Diagnóstico é chave'

Lanham-Cook acredita que a situação pode melhorar através de um projeto de pesquisa que ele espera conduzir com o King's College de Londres, que analisará a viabilidade de diagnosticar e tratar o TDAH sem a necessidade de especialistas.

Atualmente, o diagnóstico e tratamento são realizados por um especialista, como pediatra ou psiquiatra.

"O diagnóstico é chave. É um alívio, já que o seu comportamento faz sentido", disse ele.

"Como uma pessoa que sabe que tem TDAH eu posso capitalizar na minha espontaneidade, energia, curiosidade, sensibilidade - todas as qualidades que me afetavam e agora me ajudam".

E ter sua condição reconhecida também ajudou-o a fazer mudanças em sua vida pessoal.

"Desde então, eu casei novamente com a minha primeira esposa. O diagnóstico significa que ela me entende e me lembre das coisas", disse.

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