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Ministério da Saúde não confirma continuidade de pesquisa sobre a incidência da covid-19 no País

Estudo conduzido pela Universidade Federal de Pelotas, considerado o maior do mundo sobre o tema, não tem recursos garantidos

21 jul 2020 - 20h35
(atualizado às 21h02)
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O Ministério da Saúde não confirmou a renovação do financiamento da Epicovid19-BR, principal pesquisa sobre a incidência do coronavírus na população brasileira. O estudo é conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e contou com verba federal nas três primeiras fases da etapa nacional.

Pedro Hallal, reitor da UFPel e coordenador do estudo, afirma que a pesquisa está parada por falta de recursos. A instituição pretende buscar outras formas de financiamento tanto no setor público quanto no privado.

Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Foto: Reprodução/Estadão / Estadão

Hallal fala que o ministério não procurou a universidade para dar continuidade ao estudo, que apresentou os últimos resultados no dia 3 de julho. Ele acredita que a interrupção da pesquisa é motivada por razões políticas. "Não há motivos técnicos. Parar a pesquisa no meio da pandemia é inaceitável", afirma.

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira, 21, o ministro da Saúde interino Eduardo Pazuello comentou sobre a pesquisa. Ele disse que o estudo "estava muito bom", mas que o governo tinha dificuldade de "projetar o raciocínio" para o País todo. "O Brasil é muito heterogêneo e a gente precisaria de pesquisas individualizadas em casa região do País. É o que nós estamos avaliando", afirmou Pazuello.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que "dará continuidade a estudos de inquérito epidemiológico de prevalência de soropositividade na população". O texto fala que o órgão ainda não definiu qual pesquisa continuará financiando. O ministério também afirmou que as três etapas da Epicovid19-BR inicialmente previstas foram executadas. O governo federal investiu R$ 12 milhões no estudo.

Os pesquisadores pretendem fazer pelo menos mais três fases da pesquisa. O reitor reitera a importância do estudo. "A pesquisa traz informações que podem ser usadas para o desenho de políticas públicas de saúde", afirma.

Cerca de 90 mil pessoas em 133 cidades de todas as unidades da federação foram testadas nas três primeiras fases do estudo, que evidenciaram a subnotificação dos casos de covid-19 no Brasil. Os resultados mostraram que o número real de infectados no Brasil pode ser até seis vezes maior que o oficial.

O estudo também revelou que os mais pobres estão mais expostos à covid-19. A terceira fase da pesquisa verificou que a incidência da doença na parcela menos abastada da população é de 4,1%, enquanto na mais rica é de 1,8%.

A pesquisa constatou também que 91% das pessoas com anticorpos apresentaram sintomas da doença. Os indícios mais relatados foram alteração de olfato/paladar, dor de cabeça, febre, tosse e dor no corpo.

Estadão
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