Ministério estima que 135 mil brasileiros vivem com HIV sem saber e lança campanha por teste
O foco da ação será em incentivar pessoas que fizeram sexo sem prevenção a fazer o teste rápido para detecção do vírus. Cerca de 900 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil, das quais 766 foram diagnosticadas
SÃO PAULO - Cerca de 135 mil pessoas vivem com HIV no País e não sabem. A estimativa foi apresentada nesta sexta-feira, 29, pelo Ministério da Saúde durante o lançamento da Campanha de Prevenção ao HIV/aids, parte das ações do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. O foco da ação será em incentivar pessoas que fizeram sexo sem prevenção a fazer o teste rápido para detecção do vírus.
Segundo balanço da pasta, a taxa de detecção de casos de aids caiu 13,6% entre 2014 e 2018, passando de 20,6 casos por 100 mil habitantes para 17,8. A taxa de mortalidade teve queda de 22,8%, de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes (2014) para 4,4 (2018). A faixa etária de 20 a 34 anos concentra a maior parte dos casos do País com 18,2 mil registros (57,5%) e 34% dos registros foram em homens de 25 a 39 anos.
"Essa população é de uma nova geração onde as estratégias de comunicação têm um acesso diferenciado. Temos mais dificuldade de atingi-los e isso vale para o HIV e para outras doenças. Temos de trabalhar mais mecanismos de mobilização, principalmente em universidades, nos locais de aglomeração para que a gente possa atingi-los na língua que eles entendem", diz o secretário de Vigilância em Saúde no Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira.
De acordo com o ministério, com base em dados de 2018, cerca de 900 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil, das quais 766 foram diagnosticadas. Destas, 594 mil fazem tratamento com antirretroviral. Com o tratamento, 554 mil não transmitem o vírus por estar com a carga viral indetectável. Neste ano, até outubro, 38 mil pessoas começaram tratamento para HIV/aids no País.
Transmissão vertical do HIV
Entre 2014 e 2018, houve aumento na detecção de casos de HIV em gestantes - a taxa passou de 2,6 por 100 mil habitantes para 2,9. "Tal fator foi resultado da ampliação do diagnóstico no pré-natal e, consequentemente, a prevenção da transmissão vertical do HIV se tornou mais eficaz", informa o ministério.
A transmissão vertical ocorre quando a mãe passa para o bebê durante a gravidez, o parto ou a amamentação. Durante o evento, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta destacou que a cidade de São Paulo recebeu, neste ano, a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical de HIV. Curitiba e Umuarama, no Paraná, também têm o certificado.
"Eu liguei pessoalmente para o prefeito Bruno Covas e o comuniquei. A luta é sempre municipal e estamos falando de um município com 12 milhões de pessoas. É uma cidade complexa."
No Brasil, de 2000 até junho de 2019, foram notificados 125.144 casos em gestantes. De acordo com o ministério, de 2014 a 2018, houve queda de 26,9% na taxa de detecção de aids em crianças menores de 5 anos. O índice passou de 2,6 casos por 100 mil habitantes em 2014 para 1,9 em 2018. "A taxa de detecção de aids em menores de 5 anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão vertical do HIV", diz a pasta.
SP teve queda inédita de casos, mas registros aumentam entre idosos
As infecções por HIV registraram queda recorde na cidade de São Paulo no último ano, mas aumentaram entre os idosos, conforme o Estado revelou nesta semana. Embora o grupo mais vulnerável ao vírus continue sendo o de homens jovens, a parcela da população maior de 60 anos foi a única, entre adultos, na qual foi observado crescimento dos casos de HIV, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde.
No cenário geral, o número de novas infecções na capital caiu quase 18% entre 2017 e 2018, passando de 3.826 registros para 3.145. Mesmo índice de redução foi observado na taxa de detecção, que indica o número de infectados por 100 mil habitantes. O indicador passou de 32,7 para 26,8 no período analisado. É a maior queda desde 1996. Entre 2016 e 2017, a taxa de detecção já havia caído 1,9%.