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Moradores de bairro onde zika começou em Miami se mobilizam contra inseticida

15 ago 2016 - 16h08
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Os moradores do bairro de Wynwood, o "marco zero" da zika em Miami, começam a se organizar contra as fumigações aéreas com naled, um inseticida que alguns deles consideram pior até mesmo do que o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

"Ele já foi proibido em 22 países porque causa leucemia, câncer de pâncreas, afeta o sistema neurológico e também os fetos", afirmou à Agência Efe Judd Allison, proprietário do espaço multiuso ToeJam BackLot, sobre a substância lançada em Miami três vezes por semana desde 4 de agosto.

Wynwood, na zona norte do centro urbano de Miami, é o principal foco do até agora único surto de zika transmitido por mosquitos dentro do território continental dos Estados Unidos, com 28 casos. Em Porto Rico, onde a zika foi declarada uma emergência de saúde pública, com mais de 10 mil casos confirmados, as fumigações com naled também causaram polêmica, mas os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) defendem que esse inseticida "organofosforado" é eficaz e seguro para as pessoas.

Para esta semana estão programadas novas fumigações em Wynwood, um bairro antes majoritariamente industrial e hoje um dos mais visitados da turística cidade do sul da Flórida por suas originais propostas artísticas e de design.

Segundo Allison, os residentes e proprietários de negócios em Wynwood estão preocupados com o surto da doença, mas também, como ele, com a maneira escolhida pelas autoridades do estado para combater a zika.

"Eles acham que a resposta é fazer estas fumigações aéreas com este veneno tóxico chamado naled", lamentou Allison, que foi um dos organizadores no último fim de semana de um protesto contra as fumigações em coincidência com a visita do prefeito de Miami, Tomás Regalado, ao Wynwood Art Walk Tours, a primeira vez que ele foi ao lugar desde que soube do broto de zika no final de julho.

"A fumigação é uma ordem do Departamento de Saúde (da Flórida)", tentou argumentar o prefeito aos manifestantes.

As autoridades do estado fazem as fumigações aéreas como medida para erradicar o Aedes aegypti com o aval dos CDC, que não acha que o pesticida representa um perigo para a saúde.

"Estão mentindo. Não estão sendo honestos", afirmou Romain Gateau, um morador de Wynwood que entrega panfletos nas ruas com informação sobre o naled e os números de telefone que podem ser usado para solicitar que as fumigações sejam interrompidas.

"Temos que chamar todas as instâncias e fazer com que eles saibam que somo somos moradores e que não queremos pesticidas. O passo seguinte é uma reivindicação coletiva", afirmou Gateau, que disse que o grupo prevê novas manifestações para pedir que o uso da substância seja interrompido.

Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, o uso do naled contra os mosquitos adultos foi autorizado em 1959 e na atualidade são feitas fumigações aéreas com este pesticida sobre 6,4 milhões de hectares no território continental, "como parte das rotinas de controle do mosquito".

"A quantidade que chega ao solo é pequena", acrescenta EPA para ressaltar que quando o naled é aplicado conforme as instruções ele se torna aplicável a programas de saúde pública sem que "represente um risco para as pessoas".

Algumas organizações, no entanto, como a Beyond Pesticides, argumentam que as fumigações aéreas com naled são "problemáticas", especialmente duram um tempo prolongado, por seus possíveis efeitos ao sistema neurológico, afirmou recentemente ao jornal "The Miami Herald" a diretora de regulação desta organização, Nichelle Harriott.

Os moradores contrários ao inseticida solicitaram às autoridades restringir às fumigações ao começo da manhã, como disseram inicialmente que fariam.

"Na quarta-feira passada, quando jogaram o pesticida, fiquei enjoado e com a boca dormente", afirmou Gateau, irritado com que as fumigações tenha sido feitas "na hora em que as pessoas estavam comendo".

EFE   
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