Mosquitos transgênicos são arma contra Aedes aegypti
Pesquisadores acreditam que a comercialização de mosquitos transgênicos pode ser uma forma de combater o Aedes aegypti
Eliminar o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e do zika vírus, tornou-se uma corrida contra o tempo. A ideia agora é utilizar mosquitos transgênicos para interromper o ciclo de reprodução do inseto.
No interior de São Paulo, a ideia já vem sendo colocada em prática, mas a decisão ainda é polêmica na comunidade científica. A seguir, você confere mais sobre essa iniciativa.
Mosquitos transgênicos contra o Aedes
O mosquito OX513A, como foi batizado, é produzido pela empresa britânica Oxitec. É uma variação genética do Aedes aegypti que visa a interromper o ciclo de vida das fêmeas.
A ideia é liberar os mosquitos geneticamente modificados para que cruzem com as fêmeas. Os filhotes carregarão uma proteína diferente, que impedirá a chegada à fase adulta. Além disso, esses novos insetos terão um gene que facilita o monitoramento de larvas no laboratório.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) já havia aprovado os testes com o mosquito transgênico em 2011 e o uso comercial em 2014. No entanto, ainda falta a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Prefeitura de Piracicaba, no interior de São Paulo, juntamente com a empresa Oxitec, afirma que o Aedes aegypti modificado já apresenta boas taxas de desempenho nos testes. Porém, ativistas e pesquisadores debatem a verdadeira eficácia da nova arma desenvolvida.
A discussão não ocorre pela primeira vez. No ano passado, houve uma petição com 150 mil assinaturas para evitar os testes dos mosquitos na Flórida. Assim como no Brasil, os Estados Unidos não têm aprovação para comercializar o OX513A.
Segundo os cientistas contrários à comercialização dos insetos transgênicos, o principal temor na redução do Aedes aegypti selvagem é o possível retorno do Aedes albopictus, responsável por doenças como malária, febre amarela e, até mesmo, dengue e chikungunya.
Segundo a Oxitec, não houve identificação do mosquito albopictus no lugar do aegypti. A empresa afirma que a substituição foi estudada no Panamá, assim como na cidade de Piracicaba.
O perigoso Aedes aegypti
Depois de a febre amarela ter vitimado milhares de pessoas no passado, 2015 foi marcado pela epidemia de dengue, que afetou mais de 1,5 milhão de pessoas em território nacional. Em 2016, é o zika vírus que causa pânico nacional e internacional.
Todas essas doenças são transmitidas pelo mesmo vetor: o Aedes aegypti. Diversos fatores tornam o mosquito perigoso e difícil de ser eliminado. Um deles é que o inseto acostumou-se a conviver com o ser humano, proliferando-se em áreas urbanas.
Além disso, a espécie prefere o sangue humano, condição chamada de antropofilia, e possui uma picada indolor - por isso, às vezes imperceptível. A proliferação rápida também assusta, pois cada fêmea é capaz de produzir cem ovos de uma vez, fazendo isso a cada cinco dias. O tempo de vida do mosquito na natureza é de 20 dias.
A principal forma de combate, até o momento, é o empenho na eliminação de possíveis criadouros do mosquito. Qualquer concentração de água parada deve ser eliminada imediatamente para evitar a reprodução do inseto.