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MT e MS enfrentam escalada do novo coronavírus e falta de leitos em hospitais

Os estados vinham registrando até então os menores índices de casos e mortes na região Centro-Oeste, novo epicentro da doença no País

14 jul 2020 - 10h12
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SOROCABA - A disseminação do novo coronavírus acelerou em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados que vinham registrando os menores índices de casos e mortes na região Centro-Oeste, novo epicentro da doença no País. Nos dois estados há hospitais lotados e pacientes precisam esperar pela desocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O Mato Grosso já cogita transferir doentes para outros estados. Enquanto o número de mortes sobe, os governos enfrentam dificuldade para manter a quarentena.

A assistente social Mariah Castro, de 21 anos, vítima do novo coronavírus em Cuiabá (MT).
A assistente social Mariah Castro, de 21 anos, vítima do novo coronavírus em Cuiabá (MT).
Foto: Reprodução/Rede Social / Estadão

A situação é mais dramática em Mato Grosso, onde apenas neste fim de semana, 31 pessoas morreram em decorrência da doença. Entre as vítimas, a assistente social Mariah Castro, de 21 anos, que não registrava comorbidades, morreu no sábado, no hospital particular onde estava internada, em Cuiabá, com quadro de pneumonia. Testes confirmaram a covid-19. Em redes sociais, familiares e amigos lamentaram a morte prematura da jovem. Em Tangará da Serra, o aposentado João Socoré, de 73, morreu 20 dias depois do óbito de seu irmão, Sebastião Socoré, um ano mais novo.

Em menos de um mês, desde 18 de junho, o número de mortes mais que triplicou, subindo de 295 para 1.077. Os casos positivos chegaram a 28.791. Foram 273 confirmações em 24 horas. Conforme a Secretaria da Saúde do Estado, a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 98%, com 260 pacientes internados. O Estado sofre também com a falta de testes até para pacientes com sintomas respiratórios. Quando há teste, o resultado demora. Nesta segunda-feira, 13, duas mil amostras aguardavam análise.

A capital Cuiabá lidera o ranking do Estado com 6.231 casos e 325 mortes - 12 nas últimas 24 horas. A cidade atingiu 100% de ocupação dos leitos de UTI e há pacientes na fila de espera. O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) anunciou a entrega de 20 leitos de UTI nesta segunda. Desses, cinco foram ativados e já estão ocupados. "Há dezenas de pessoas na fila por atendimento que já serão transferidas. Sei que logo vai encher, mas esperamos que seja por pouco tempo e que as pessoas tenham alta logo", disse o prefeito.

Segundo o gestor, se houver necessidade de transferência, isso não será possível, pois não há vagas em todo o Estado na rede pública e privada. "Precisamos de bombas de infusão para abrir mais UTIs", disse. Pinheiro anunciou que iniciará esta semana a entrega do 'kit covid' para pacientes com os primeiros sintomas da doença. "Apesar de toda polêmica na área médica, tudo deve ser feito para salvar vidas", afirmou.

'Kit covid'

O kit inclui medicamentos como a hidroxicloroquina, sem comprovação científica de ser eficaz contra a doença. Cuiabá está em toque de recolher a partir das 20 horas, mas há desrespeito. A fiscalização já aplicou mais de mil multas, a maioria em bares e distribuidoras de bebidas.

A pasta estadual da saúde informou que, nesta segunda, dez pacientes com covid-19 continuavam à espera de leitos em UTI. A Secretaria considerava a possibilidade de transferir doentes para outros estados, "caso exista vaga e seja viável a transferência, considerando o quadro clínico individual". Conforme a pasta, o governo trabalha em parceria com os municípios para abrir mais de 200 vagas de UTI em Mato Grosso.

Agentes da Guarda Municipal fecham 'rave' em chácara de Campo Grande (MS).
Agentes da Guarda Municipal fecham 'rave' em chácara de Campo Grande (MS).
Foto: Divulgação/GCM Campo Grande. / Estadão

Corpos em container

Em Mato Grosso do Sul, a média diária de mortes que era inferior a uma até a metade de junho, agora é de seis. O número de casos cresceu seis vezes em um mês. Nesta segunda-feira, o Estado chegou a 13.461 casos positivos e 167 mortes. A capital Campo Grande tem 4.640 casos e 37 óbitos. De sábado para domingo, foram 15 novos óbitos pelo novo coronavírus no Estado. O Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande, referência para a covid-19, registrou ao menos quatro mortes. Sem espaço na câmara mortuária, alguns corpos foram armazenados em um container, alugado no início da pandemia.

Mesmo com toque de recolher a partir das 20 horas, na capital, as aglomerações acontecem. Na madrugada desta segunda, a Guarda Municipal precisou intervir para acabar com uma 'rave' - festa com música eletrônica - no bairro Chácara dos Poderes. Cerca de 40 pessoas foram abordadas e obrigadas a voltar para casa. Em outro bairro da Capital, uma mulher foi presa ao se negar a fechar um bar onde 18 pessoas consumiam bebidas. O governo de Mato Grosso do Sul informou que ainda esta semana serão tomadas "medidas mais duras" para frear o vírus.

Hospital Regional precisou usar container para refrigerar corpos de pacientes mortos com a covid-19, em Campo Grande.
Hospital Regional precisou usar container para refrigerar corpos de pacientes mortos com a covid-19, em Campo Grande.
Foto: Divulgação/COE HRMS / Estadão
Estadão
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