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Mulher tem câncer na mama e no pulmão ao mesmo tempo; e se cura dos dois

Simone descobriu o câncer de mama em exame de rotina e, em seguida, um tumor no pulmão. Cirurgia robótica foi importante para recuperação

4 fev 2023 - 08h00
(atualizado em 6/2/2023 às 20h28)
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Uma boa maneira de celebrar o Dia Mundial do Câncer é mostrar que é possível vencer a doença, mesmo que ela se manifeste de duas formas diferentes ao mesmo tempo. Foi o que aconteceu com Simone Barbosa, que lutou contra dois tumores sincrônicos. Eles surgem no mesmo momento, mas sem relação um com o outro. "Foram dois baques: primeiro a descoberta de um tumor na mama e, em seguida, outro no pulmão", conta Simone.

Ela explica que acabou atrasando os exames de rotina - o que evita ao máximo fazer - por conta da pandemia de Covid-19. Em 2021, quando fez uma mamografia, descobriu um caroço no seio do tamanho de um feijão. Uma biópsia mostrou que o tumor era maligno. Então, seu médico pediu um exame do tórax e do abdômen. O exame não é usual em casos de câncer de mama, mas pode indicar alguma alteração na região. Foi quando encontraram uma mancha de 5 centímetros em seu pulmão. "Foi aquele susto horroroso, abala qualquer um. Não é fácil você de repente se ver com dois tumores no corpo", desabafa.

O silencioso câncer de pulmão

Simone realizou duas cirurgias em um intervalo de 30 dias, uma na mama e outra, via robótica, no pulmão. "Foram dois tratamentos concomitantes, mas em separado pela natureza de cada um. A paciente descobriu o câncer no pulmão graças aos exames para cirurgia da mama e com isso conseguiu tratar precocemente. Mesmo assim, foi necessário retirar uma parte do pulmão esquerdo e ela perdeu uma parcela da capacidade respiratória, que tende a recuperar com fisioterapia e reabilitação", explica o cirurgião torácico do Hospital Marcelino Champagnat, Dr. Leonardo Rottili Roeder. 

"Ela não tinha nenhum sintoma da doença e isso faz com que esse tipo de tumor seja descoberto tardiamente pela maioria dos pacientes", alerta o especialista. Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 85% dos casos de câncer no pulmão são descobertos em fases mais avançadas. Isso ocorre porque os sintomas da doença se assemelham com problemas respiratórios, como asma e bronquite. Tosse persistente (com ou sem sangue), falta de ar, dor no peito, infecções de repetição e fadiga também são sinais de alerta.

Cirurgia robótica

Para retirar o lobo superior esquerdo do pulmão de Simone, os médicos optaram pela cirurgia robótica, com a plataforma Da Vinci X. O Dr. Leonardo explica que, nesse tipo de procedimento, uma pequena câmera é colocada dentro do paciente oferecendo imagens de alta definição em 3D, ampliadas em até 20 vezes, com braços articulados e movimentos mais precisos que o da mão humana. O cirurgião controla, por um painel na sala cirúrgica, um robô com quatro braços mecânicos equipados com diversos instrumentos médicos. 

O equipamento robótico é eficiente no tratamento de câncer de pulmão e tumores do mediastino, e também nos casos de alta complexidade em que a cirurgia por vídeo possa vir a ser de difícil execução. "A robótica se destaca por promover maior estabilidade, precisão e movimentos cirúrgicos. É um procedimento com menos cortes, perda de sangue, risco de infecção e, consequentemente, recuperação mais rápida do paciente", ressalta o cirurgião.

Simone atribui o sucesso e a rapidez da sua recuperação à cirurgia robótica. "Me recuperei muito bem, fiquei apenas com um corte bem pequenininho. Em uma semana já estava fazendo tudo, bem recuperada", afirma. Além do câncer de pulmão, pacientes oncológicos com outros tumores também podem se beneficiar deste tipo de tratamento.

O tratamento é uma alternativa para outros tipos de câncer

"A cirurgia robótica também tem se mostrado eficaz no tratamento de cânceres digestivos, como câncer de estômago, câncer de fígado e câncer de intestino. Os dados e estudos disponíveis mostram que a cirurgia robótica tem se mostrado uma opção cada vez mais eficaz e segura com melhores resultados em termos de precisão, recuperação e preservação de funções", informa Leonardo Emilio, fellow American College of Surgeons e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

Leonardo explica ainda que a cirurgia robótica tem se mostrado uma opção cada vez mais eficaz e segura. Além disso, a técnica permite que os cirurgiões realizem procedimentos precisos e minuciosos, com acesso a áreas do corpo que seriam impossíveis de serem alcançadas em uma cirurgia convencional. "Isso é especialmente importante para os cânceres digestivos, que geralmente se desenvolvem em áreas de difícil acesso", afirma.

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Foto: Shutterstock / Saúde em Dia
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