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Mulher viraliza com relato sobre desconforto no 'ato': "Como se estivesse sendo rasgada"

No Brasil, até 42% das mulheres já relatou vaginismo, disfunção que acarreta dor nas relações sexuais com penetração

15 mar 2024 - 12h28
(atualizado às 12h28)
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Resumo
A australiana Elena Filipczyk relatou como era sofrer de vaginismo, vulvodínia e estenose vaginal congênita, problemas comuns entre mulheres, mas pouco falados. Entre as brasileiras, as taxas de vaginismo variam entre 11,7% e 42%. Ela ressaltou ainda a falta de educação sexual e a vergonha de falar sobre o tema.
Australiana relata saga até diagnóstico
Australiana relata saga até diagnóstico
Foto: Reprodução/X

Imagine uma dor tão grande que parece até que o seu corpo está sendo rasgado. Foi assim que a australiana Elena Filipczyk descreveu aos médicos o que sentia ao ter relações sexuais. O relato, publicado em um portal de notícias local, viralizou e abriu debate sobre um problema mais comum do que se imagina: vaginismo. 

A história de Elena foi contada através do site australiano News. Ao portal, ela disse que, apesar de conviver com o incômodo há muito tempo, o diagnóstico só veio aos 27 anos. Isso porque a australiana tinha vergonha de falar sobre a sua condição até mesmo com um profissional de saúde. 

No relato, Elena conta como foi o dia em que criou coragem: "Disse a um médico: 'Minha vagina não permite penetração'". A paciente continuou dando exemplos de ações que causavam dor, como tentar colocar um simples absorvente interno. 

"Parece que estou batendo em uma parede e a dor é insuportável, um abrasamento, como se eu estivesse sendo rasgada", descreveu. A suspeita inicial era a de que Elena sofria apenas de vaginismo. 

A condição é uma disfunção sexual que ocasiona dor na penetração vaginal. O incômodo acontece porque os músculos do assoalho pélvico de quem convive com vaginismo se contraem involuntariamente.

Elena descobriu três condições
Elena descobriu três condições
Foto: Reprodução/X

A fisioterapeuta de saúde pélvica Angela James também explicou ao portal australiano que a condição, muitas vezes, tem origem psicológica.

"Em algum momento, o corpo aprendeu a temer a penetração ou a antecipar a dor, seja por causa do medo, de uma entrada vaginal estreita, de certos exercícios ou de traumas, incluindo experiências ruins com sexo", descreveu.

De acordo com a Revista Brasileira de Sexualidade Humana, a taxa de incidência do vaginismo varia entre 11,7% e 42% entre as mulheres brasileiras. A pesquisa foi realizada em 2020.  

Vulvodínia e estenose vaginal congênita

Além do vaginismo, Elena contou que também foi diagnosticada com outras duas condições que ocasionavam dor pélvica: vulvodínia e estenose vaginal congênita, que causa um estreitamento raro do canal vaginal.

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a vulvodínia é diagnosticada a partir de uma dor relatada por mais de 3 meses. Ela se caracteriza por um incômodo muito grande que causa a sensação de queimação na vulva. 

Essa condição pode estar relacionada com disfunções musculoesqueléticas, hormonais, imunológicas e psicossociais, entre outros fatores. O tratamento geralmente é multidisciplinar e envolve procedimentos médicos, psicoterápicos e fisioterapia. 

Elena tinha vergonha de falar sobre problema
Elena tinha vergonha de falar sobre problema
Foto: Reprodução/X

Vergonha e falta de educação sexual 

Para Elena, foi um alívio receber o diagnóstico. No entanto, ter descoberto tão tarde, aos 27 anos, pode ser o resultado de um sistema de educação sexual falho e que faz com que mulheres tenham vergonha de admitir problemas relacionados à sexualidade. Isso quem afirma é a própria australiana.

"Fiquei com raiva. Na educação sexual, nunca mencionaram que poderia ser impossível inserir um absorvente interno, muito menos fazer sexo com penetração ou um exame pélvico. Então, por mais de uma década, tinha certeza que minha vagina estava 'quebrada'", disse. 

Ela continuou: "Evitei tudo e não contei a ninguém o porquê. Mesmo com o diagnóstico, a vergonha me consumia. Cercada por amigos que gostavam de sexo casual, tinham relacionamentos de longo prazo ou já haviam dado à luz, pensei que estava sozinha", desabafou.

Até criar coragem para dar seu relato a um grande portal de notícias da Austrália, Elena percorreu um longo caminho. Primeiro, ela dividiu sua situação com os amigos mais próximos, que a apoiaram. Depois, ela contou para um homem que estava se relacionando.

"Ele ouviu com calma e respondeu sem julgamento", relembrou. "Agora estou contando ao mundo e, embora esteja nervosa em colocar meu nome neste artigo, sei exatamente por que estou fazendo isso", destacou.

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Fonte: Redação Terra
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