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No Amazonas, famílias improvisam UTI em casa

Com alta procura, preço pelo produto está quase o dobro do que o normal; doentes morrem asfixiados em hospital do interior

18 jan 2021 - 12h10
(atualizado às 12h18)
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O avô da servidora pública Priscila Vasques Castro Dantas, o aposentado Francisco José Casal Castro, de 82 anos, está em casa por falta de vaga em hospitais no Amazonas, que viveram colapso na semana passada diante do agravamento da pandemia da covid-19 e da falta de insumos. "Minha avó, infelizmente, piorou e foi entubada no hospital, mas vovô a gente se cotizou para comprar oxigênio, bipap e todo o equipamento necessário para montar quase uma UTI para ele", contou ela.

Parentes de pessoas doentes tentam recarregar cilindros de oxigênio em empresa privada em Manaus (AM) 15/01/2021 REUTERS/Bruno Kelly
Parentes de pessoas doentes tentam recarregar cilindros de oxigênio em empresa privada em Manaus (AM) 15/01/2021 REUTERS/Bruno Kelly
Foto: Reuters

A corrida para a compra de oxigênio para quem está sendo tratado em casa é diária. Nos grupos de Whatsapp é avisado quando chegam novos carregamentos em empresas particulares e longas filas se formam. Ninguém reclama do preço, apesar de haver em alguns casos cobrados mais que o dobro de um período normal. "Um cilindro de 3 litros vendido a mil reais está sendo vendido a R$ 4 mil aqui", diz um vendedor de uma empresa de oxigênio. "Tem gente que chega com vários familiares, vários cartões diferentes e dinheiro trocado, é de cortar o coração".

Na cidade de Itacoatiara (a 269 quilômetros de Manaus), segundo um médico do hospital José Mendes, há 87 pacientes internados e três intubados. "Revezamos os únicos cilindros durante a noite, mas infelizmente perdemos seis pacientes. Nosso oxigênio disponível só vai até o fim da tarde de hoje", afirmou. O irmão do vendedor Joelyson Oliveira está internado há três dias no hospital de Itacoatiara. "Nos revezamos na frente do hospital para saber notícias, é um desespero quando o médico aparece na porta todo dia, sempre tem notícia ruim".

Em Manaus, quem conseguiu ser transferido para outros estados sem falta de oxigênio comemora. "Meu pai esperava na ante-sala do 28 de Agosto quando, graças a Deus, foi abordado com a proposta de ser transferido para o Piauí e aceitou. Tenho notícias, ele fala comigo rapidinho pelo Whastapp, está toda hora no oxigênio, mas lúcido. Todo dia uma psicóloga ou assistente social me liga, tenho boletins, é um tratamento muito humano", conta a veterinária Sabrina Souza, também com Covid, mas se tratando em casa.

Estadão
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