Novo procedimento feito por Lula é até 90% eficaz para prevenir mais hematomas, esclarece médico
Presidente precisou realizar um novo procedimento intracraniano que já estava previsto desde o “momento zero”, segundo equipe médica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa bem após se submeter a uma embolização de artéria meníngea média (procedimento endovascular) na manhã desta quinta-feira (12) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Segundo especialistas, a técnica utilizada é considerada segura e eficaz, mas sua aplicação requer avaliação cuidadosa da condição clínica do paciente.
A médica Ana Helena Germoglio, da equipe que cuida da saúde do presidente, informou no final da tarde desta quarta-feira, 11, que o procedimento ao qual Lula foi submetido já estava previsto desde o “momento zero” da cirurgia, feita na madrugada da última terça-feira, 10.
Como é feito o procedimento?
Em conversa com o Terra Você, o médico neurocirurgião Felipe Mendes explica que o procedimento endovascular é minimamente invasivo. Um cateter é introduzido por uma artéria periférica – geralmente a femoral ou a radial – e guiado até a artéria meníngea média.
O objetivo é interromper o fluxo sanguíneo nessa artéria, utilizando agentes embolizantes, como partículas, colas ou microesferas. Todo o processo é monitorado por imagens fluoroscópicas, garantindo maior precisão.
Por que o procedimento é indicado?
A embolização da artéria meníngea média é recomendada principalmente para prevenir novas hemorragias intracranianas, sendo uma opção comum em casos de hematomas subdurais crônicos. Mendes explica que o procedimento também pode ser indicado após uma trepanação – técnica realizada em Lula para drenagem de hematoma – como forma de reduzir o risco de recidiva.
“A decisão pela embolização depende de uma análise individualizada do caso, considerando a gravidade e a possibilidade de recorrência”, destaca.
Existem riscos envolvidos?
Embora seja considerada segura, a embolização não está isenta de riscos. Entre as complicações possíveis estão isquemia cerebral, reações adversas ao agente embolizante, hematomas no local de punção e infecções, que são raras.
Além disso, há risco de déficits neurológicos, transitórios ou permanentes, especialmente em casos mais complexos ou em pacientes com condições preexistentes.
“A experiência da equipe médica e a adequada seleção dos pacientes são fatores essenciais para minimizar esses riscos”, explica o neurocirurgião.
O procedimento é definitivo?
Estudos apontam que a embolização da artéria meníngea média apresenta altas taxas de sucesso, com eficácia entre 80% e 90% na redução de recorrências de hematomas subdurais crônicos.
“Na maioria dos casos, trata-se de uma solução definitiva, mas fatores como a condição clínica do paciente e o manejo prévio podem influenciar a necessidade de novas intervenções”, conclui o médico.
De acordo com Roberto Kalil Filho, médico de Lula, a embolização de artéria meníngea média "foi um sucesso".
“Começou às 7:10 da manhã. Acabou de terminar o procedimento, foi um sucesso, [a equipe médica] conseguiu embolizar aquela artéria [...]. O presidente está acordado e conversando”, disse Kalil em declaração à imprensa nesta manhã após o procedimento.