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Novo vírus da gripe encontrado na China tem potencial para se tornar pandemia, diz estudo

Cientistas afirmam que a nova cepa descoberta em porcos é semelhante ao vírus que causou a pandemia de 2009

30 jun 2020 - 00h02
(atualizado às 00h59)
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SÃO PAULO - Em meio à emergência de saúde do novo coronavírus, cientistas chineses alertam, em um estudo, para um novo vírus da gripe encontrado em porcos na China que tem potencial para se tornar uma pandemia. No trabalho publicado nesta segunda-feira, 29, na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês), da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, os pesquisadores afirmam que o agente infeccioso é semelhante ao da pandemia de 2009 e tem características que facilitariam a infecção humana.

Os cientistas descrevem que a nova cepa do vírus influenza, chamada G4 EA H1N1, tem traços do vírus encontrado em aves eurasiáticas (EA) e de uma linhagem tripla que possui genes aviário, humanos e suínos. Segundo eles, esse vírus se liga a receptores do tipo humano, se multiplicam em alto nível nas células epiteliais das vias aéreas humanas e mostram uma eficiente infecciosidade e transmissibilidade pelo ar.

Além disso, o fato de a cepa ter genes cruzados de outras "espécies" indica que a imunidade preexistente da população não fornece proteção suficiente contra os vírus G4. Testes sorológicos feitos em trabalhadores que se expuseram aos porcos mostraram que 10,4% de 338 pessoas deram positivo para o novo tipo de vírus da gripe.

"Essa infecciosidade aumenta muito a oportunidade de adaptação de vírus em humanos e suscita preocupações pela possível geração de vírus pandêmicos", dizem os cientistas. Eles destacam que "porcos são hospedeiros intermediários para a geração do vírus da gripe pandêmica. Assim, a vigilância sistemática dos vírus influenza em suínos é uma medida fundamental para avisar o surgimento da próxima gripe pandêmica".

Em entrevista à BBC, os cientitas afirmam que, até agora, a descoberta não representa uma grande ameaça, mas orientam a acompanhar a evolução. "No momento, estamos distraídos com o coronavírus e com razão. Mas não devemos perder de vista novos vírus potencialmente perigosos", disse Kin-Chow Chang, um dos autores do estudo.

Ele completa que "não devemos ignorá-lo" porque existe a preocupação com o fato de que esse vírus G4 poderia sofrer uma mutação ainda maior e se espalhar facilmente entre humanos, o que provocaria um novo surto global.

Pandemia de gripe suína se estendeu de julho de 2009 a agosto de 2010

A pandemia de gripe suína foi decretada pela OMS em 11 de junho de 2009, após os casos se espalharem por América do Sul, Europa e Austrália. O alerta, no entanto, não indicou agravamento da doença, mas sim a constatação de que o problema era global. O estado de pandemia foi encerrado em agosto de 2010. Técnicos e especialistas da OMS reconheceram que a doença ficou sob controle e passaria a se comportar como outras enfermidades localizadas. Ainda assim, a doença se espalhou rapidamente no Brasil e, em 2009, foram 50.482 casos e 2.060 mortos pelo vírus influenza, segundo dados do governo federal.

Estadão
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