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O experimento do jovem que ficou sem dormir por 11 dias e 25 minutos

Em 1964, um jovem americano de apenas 17 anos se aventurou com um amigo na ideia de bater o recorde de horas acordado e deixou seu nome no Guinness Book.

14 jan 2018 - 19h26
(atualizado às 19h58)
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Randy Gardner passou 11 dias e 25 minutos para bater o recorde de mais tempo acordado e entrar para o Guinness
Randy Gardner passou 11 dias e 25 minutos para bater o recorde de mais tempo acordado e entrar para o Guinness
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Quanto tempo uma pessoa pode passar sem dormir?

Nos anos 1960, essa era uma pergunta que intrigava os cientistas. E era um desafio muito fascinante para aqueles que buscavam deixar seus nomes no Guinness Book, o livro dos recordes.

Em janeiro de 1964, Randy Gardner e Bruce McAllister embarcaram nessa aventura. Os jovens estudantes americanos queriam fazer um experimento científico para a escola onde estudavam - e tinham também a ambição de, quem sabe, entrar para o Guinness.

Para decidir quem seria 'a cobaia' no experimento, eles tiraram na moeda - e Randy foi o escolhido. Ele tinha apenas 17 anos na época.

A meta era superar a marca que até então um DJ de Honolulu sustentava: ele havia passado 260 horas sem dormir, um pouco menos do que 11 dias completos.

Randy conseguiu superá-lo por muito pouco: ele ficou 11 dias (o equivalente a 264 horas) e 25 minutos seguidos sem pegar no sono.

Bruce McAllister conta que ele e o amigo eram "muito criativos" e queriam fazer parte de um experimento científico relacionado ao sono.

"Inicialmente, nós queríamos saber qual seria o efeito da falta de sono nas habilidades paranormais. Mas nos demos conta que não havia maneira de fazer isso e optamos por estudar os efeitos da falta de sono nas habilidades cognitivas, nas habilidades para jogar basquete ou qualquer outra coisa que viesse na nossa cabeça", relembra Bruce.

O jovem ficou acordado monitorando o comportamento do companheiro, mas, após a terceira noite, precisou descansar e pediu a outro amigo, Joe Marciano, que se juntasse ao grupo e assumisse a função.

O experimento aconteceu na casa dos pais de Bruce, em San Diego, nos Estados Unidos.

Supervisão científica

William Dement, hoje professor emérito da Universidade de Stanford, na Califórnia, também se uniu ao grupo. Em 1964, ele era um cientista que começava a pesquisar um campo razoavelmente novo: a ciência do sono.

O professor havia lido em um jornal em San Diego sobre a história dos dois jovens que queriam bater esse recorde e os procurou.

Dement conta que os jovens se sentiram aliviados quando ele começou a fazer parte do grupo, já que, com ele, teriam a supervisão de um professor.

"Eles estavam preocupados com aquilo, tinham medo de que pudesse causar danos à saúde", explica. "A pergunta que ainda não foi respondido é se alguém pode morrer se passar muito tempo sem dormir."

Em um experimento feito com gatos, os animais morreram após terem ficado 15 dias sem dormir. A diferença é que nesse caso eles foram mantidos acordados com produtos químicos.

Hoje os estudos de padrões de sono já são frequentes e evoluíram bastante (Foto: SPL)
Hoje os estudos de padrões de sono já são frequentes e evoluíram bastante (Foto: SPL)
Foto: BBC News Brasil

Momentos críticos

A noite era sempre um momento muito crítico para eles, porque não havia coisas para fazer. Durante o dia, eles jogavam basquete e se mantinham ativos.

Os jovens experimentavam as diferenças no paladar, no olfato e no ouvido. "Logo começamos a perceber as mudanças: suas habilidades cognitivas, incluindo as sensoriais, começaram a ser afetadas. Mas a habilidade para jogar basquete melhorou", conta Bruce. Eles também sentiram alterações no humor de Randy, que se irritava mais facilmente. O jovem também teve algumas alucinações durante o período.

Uma vez registrado o recorde, Randy passou 14 horas seguidas dormindo. Com o decorrer dos dias, seus padrões de sono voltaram ao normal. Inicialmente, ele não apresentou nenhum problema, mas depois de um tempo passou a sofrer de insônia.

Bruce explica que o projeto deixou algumas lições para a ciência.

Um hospital do Arizona enviou um computador que detectou que partes do cérebro de Randy haviam sido "sequestradas". Em outras palavras, isso significava que partes do cérebro dele descansavam e eram repostas enquanto ele estava acordado.

A história dos dois acabou fazendo bastante sucesso e repercutiu bastante na imprensa na época. O nome deles ficou para sempre na história do Guinness, já que depois disso a empresa parou de registrar novas tentativas de bater esse recorde por conta dos riscos à saúde de quem se propusesse a isso.

No entanto, em 2007, um britânico alega ter ultrapassado esse número ficando acordado por 11 dias e 11 noites consecutivas.

Tony Wright, de 42 anos, alega ter conseguido o feito e diz que combateu o cansaço bebendo chá, jogando sinuca, consumindo uma dieta rica em alimentos crus e mantendo um diário. Ele permaneceu o tempo todo em um bar na cidade de Penzance monitorado por câmeras.

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