O que é alopecia areata? Veja quais são as causas e os tratamentos recomendados
A doença inflamatória que provoca a queda de cabelo é geralmente causada pelo estresse; não tem cura, sendo necessário um acompanhamento médico durante a vida toda
SÃO PAULO - Conhecida como alopecia areata, a doença inflamatória que provoca a queda de cabelo pode ser causada ou agravada também pelo estresse mental. A patologia entrou em discussão, pois afeta um dos participantes do Big Brother Brasil 2021. Em formas mais extensas, porém, menos frequentes, a queda de cabelo pode atingir todo o couro cabeludo em poucos dias, levando à perda de 100% dos fios, assim como a de outros pelos do corpo, como barba, sobrancelhas e cílios.
O que é alopecia areata?
É uma patologia na qual ocorre uma inflamação ao redor da raiz dos folículos capilares, levando à queda dos fios. Ela é um doença crônica, que não tem cura completa. "É possível baixar a atividade da doença tendo a volta dos cabelos, mas a pessoa continua sendo portadora da alopecia, sendo necessário um acompanhamento médico durante a vida toda, pois pode apresentar outros episódios da mesma doença", afirma Ana Carina Junqueira, médica à frente do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisa Capilar (IBEMC), pioneira na área de Tricologia e no tratamento da doença no Brasil.
"É uma doença que causa perda de cabelo do tipo inflamatória e autoimune. Ninguém ainda sabe o motivo, mas o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de invasores, bactérias e infecções, acaba 'encontrando' alguma falha e enxerga o cabelo como inimigo", acrescenta Alessandra Anzai, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e colaboradora do ambulatório de Tricologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Ainda segundo a dematologista, o próprio corpo provoca a inflamação contra a raiz do cabelo, que acaba caindo.
Tipos e causas de alopecia
Há subtipos da alopecia, podendo ser de causas autoimunes diferentes. São em geral causadas por processos inflamatórios que matam os folículos pilosos, mas podem ser processos inflamatórios diferentes.
"Existe a alopecia areata que se subdivide em três classificações: a focal (falhas redondas no couro cabeludo), a total (que mata todos os folículos do couro cabelo) e a universal (perde-se o couro cabeludo inteiro e outros pelos do corpo, como bárba, cílios e sobrancelhas)", explica Ana Carina.
"Os tipos mais comuns são os quadros leves em que aparecem falhas circulares e pequenas no couro cabeludo, que necessitam de tratamento, e quadros mais extensos que podem atingir todo o couro cabeludo e pelos de outras partes do corpo, depende muito da imunidade de cada pessoa", completa Alessandra Anzai.
Em geral, a causa autoimune é uma tendência do organismo. As pessoas nascem com tendência de produzir anticorpo que agride o próprio cabelo. E a pessoa pode desenvolver a doença por alguma desregulação do organismo.
Pode acontecer com muita frequência em atletas, em razão dos treinos exaustivos, em questões emocionais como depressão, ansiedade e crises de pânico e irregularidade do sono. Também são gatilhos de alopecia todas as doenças infectocontagiosas que possam gerar processos inflamatórios.
"Temos inclusive acompanhado casos de pacientes que desencadearam a doença após o diagnóstico de covid-19 e de dengue. Infecções gerais de garganta, de ouvido e de urina. Ou seja, qualquer grande alteração do organismo pode ser um gatilho para que a doença se inicie", disse a médica tricologista.
Além da alopecia areata, existem outros tipos de alopecias, que são as cicatriciais. Também são de origem autoimune, no entanto, é um tipo de inflamação diferente. É uma célula inflamatória neutroclínica, que é de uma classe diferente, pois se tem foliculite junto. Tem acne, parecendo pequenas bolinhas acneicas no couro cabeludo, junto com a perda de cabelo.
"O cabelo de afrodescendentes tem muita tendência a ter essa alopecia cicatricial, por ser fio de cabelo muito grosso, pode ter dificuldade de sair do couro cabeludo, podendo geral uma inflamação dentro do couro cabeludo, consequentemente as falhas das cicatriciais pela inflamação que se causa", acrescenta a médica do IBEMC.
A diferenciação dos quadros somente é possível após a realização de um exame físico chamado tricoscopia, que estuda a saída dos fios do couro cabeludo.
Sintomas e primeiros sinais
É uma doença silenciosa. O único sintoma é a queda localizada de cabelos e pequenas bolinhas acneicas, no caso das alopecias cicatriciais, que são enxergadas apenas por lupa. A pessoa não sente dor nem coceira no local da queda de cabelo.
Os sinais estão apenas na queda de cabelo. Qualquer falha no couro cabeludo, de meio centímetro de diâmetro, já indica a necessidade de se procurar um tricologista, especialista na área, para fazer um diagnóstico detalhado. A pessoa precisa buscar ajuda o quanto antes, pois em poucos dias a inflamação toma conta de um espaço maior e as falhas se tornam maiores no couro cabeludo.
Tratamento
O principal tratamento consiste no uso de anti-inflamatórios do tipo corticoide, que pode ser administrado por via oral, aplicado em creme, injetável no local da lesão ou em forma de loções.
"O tratamento de escolha do IBEMC é a aplicação injetável do corticoide no local. Temos mais de 35 mil casos tratados de diversos tipos de alopecia. E o corticoide injetável acaba sendo mais rápido e eficiente que em outras formas", avalia a médica tricologista.
Medicamentos imunoreguladores também fazem parte de uma opção de tratamento. Uma terceira linha é o uso de antibióticos administrados via oral.
Com relação ao tempo de tratamento, depende do tamanho de lesão. Pequenas podem levar até um mês, já as maiores podem durar de três meses até um ano.