O que é e como funciona o tratamento que Anderson Molejo fez aliviar dor do câncer?
Assessoria do cantor afirmou que ele precisou passar por um bloqueio de plexo nervoso hipogástrico; especialista explica como funciona
Anderson Leonardo, vocalista do grupo Molejo, está internado em estado grave por conta de um câncer na região inguinal. Para controle da dor, foi realizado um procedimento de bloqueio de plexo nervoso hipogástrico.
A assessoria de imprensa do Molejo informou na segunda-feira (25) que o vocalista do grupo, Anderson Leonardo, de 51 anos, voltou a ser internado e está em estado grave. O músico trata um câncer nos testículos, após enfrentar também o câncer na região inguinal, localizado na região da virilha e que costuma afetar o funcionamento do pênis e do ânus.
Anderson estava de alta hospitalar desde a última terça-feira (19), após 21 dias de hospitalização. Ele estava em cuidados médicos desde 27 de fevereiro de 2023, se submetendo a imunoterapia e medicações para alívio de dores. Na nota, a assessoria informou que o artista tinha tido a alta após um procedimento de bloqueio de plexo nervoso hipogástrico, mas voltou a ser internado.
Por que esse câncer causa tanta dor?
O Terra conversou com o oncologista do Hospital Albert Einstein, Oren Smaletz, que explicou que a região inguinal tem estruturas musculares, vasculares e linfonodos ou gânglios. Os gânglios protegem o organismo de tumores em geral.
Quando carcinomas ou melanomas avançam para o corpo, eles param perto da região dos gânglios, onde os gânglios tentam impedir que eles se espalhem para outras partes do corpo.
“Os gânglios da região inguinal, eles protegem o organismo de tumores que querem se espalhar da região da perna ou, eventualmente, da região genital ou da região anorretal”, diz o especialista.
Quanto a chance de uma pessoa ter a recidiva, que é o retorno ou recorrência do câncer, o oncologista conta que varia conforme o tipo de tumor, o estadiamento inicial do tumor e o tratamento que a pessoa recebeu.
O que é bloqueio de plexo nervoso hipogástrico?
O último procedimento ao qual Anderson foi submetido, de acordo com a assessoria, foi o de bloqueio de plexo nervoso hipogástrico. Luiz Gustavo Moreira, médico especialista em dor, conta ao Terra que o plexo nervoso hipogástrico é um conjunto de nervos que fica na região abdominal, na parte da frente da coluna.
Esse conjunto de nervos promove a inervação - distribuição de fibras nervosas - principalmente das vísceras presentes na parte inferior do abdômen e pelve, como por exemplo: bexiga, útero, intestino grosso, reto, vagina e próstata.
O bloqueio do plexo é um procedimento minimamente invasivo que visa aliviar a dor nessa região. O médico leva o paciente para o bloco cirúrgico e através de um procedimento guiado por raio-x ou por ultrassom, coloca uma agulha bem próxima ao o plexo hipogástrico e isso permite a ele injetar substâncias naquela região que vão provocar anestesia do nervo.
"Esse procedimento pode ser feito como se fosse um teste, com anestésico local, que vai ter uma duração estabelecida, às vezes inclusive com toxina botulínica (botox), ou pode ser feito em pacientes que têm doenças crônicas intratáveis, como por exemplo câncer ou endometriose grave de forma mais definitiva, através da ablação do nervo", explica o médico.
O especialista destaca que o bloqueio hipogástrico é reservado para os pacientes que estão em terapia oncológica mais avançada ou mais grave, pessoas sem possibilidades terapêuticas, em cuidados paliativos ou então que estão em uma fase da doença em que estão internados com dor de difícil controle.
A depender da proposta terapêutica para o paciente e a doença que ele tem, ainda é possível fazer um procedimento ablativo, com substâncias que vão queimar aquele nervo e impedir a transmissão do estímulo nervoso que pode causar dor, propiciando uma melhora na qualidade de vida do paciente.
“No caso do Anderson, eu imagino que ele tenha a indicação de fazer um procedimento definitivo. Ele faz o bloqueio, faz o teste com anestésico e tendo uma resposta positiva, indica-se uma ablação e isso propicia uma qualidade de vida mais adequada durante o tratamento da doença”, conclui o especialista em dor.