O que é o "sangue dourado", condição rara capaz de salvar milhões de vidas?
Tipo sanguíneo fez homem australiano salvar os bebês de mais de duas milhões de mulheres
Você já ouviu falar em "sangue dourado"? O nome faz referência ao sangue com fator Rh nulo, ou seja, sem o antígeno na superfície dos glóbulos vermelhos, que possui o anticorpo Anti-D, usado em injeções para gestantes.
É raro e dificulta a vida de quem porta essa condição, pois torna muito difícil o processo de receber transfusões de sangue. Por outro lado, torna os indivíduos com esse fator Rh doadores potentes, o que explica apenas um homem ter salvado os bebês de mais de duas milhões de mulheres na Austrália.
Ele é James Harrison, que fez sua última doação de sangue em maio de 2018, aos 81 anos. Ele usou sua condição como uma missão de vida.
Descoberta rara
A história começou muitas décadas antes. Segundo o portal do Australian Red Cross Lifeblood, organização dedicada a impulsionar a doação, Harrison tinha 14 anos quando passou por uma grande cirurgia e precisou de transfusão de sangue. Depois disso, ele prometeu a si mesmo que abraçaria a causa.
Dez anos e muitas doações depois, foi descoberto que o sangue dele tem o anticorpo necessário para tratar gestantes que sofrem com a doença de Rhesus, a eritroblastose fetal. O órgão de saúde australiano explica que a imunoglobulina Anti-D é uma injeção feita do plasma de doadores especiais, como Harrison.
Essas injeções ajudam a prevenir mulheres com fator Rh(D) negativo, ou seja, sem o antígeno na superfície dos glóbulos vermelhos, de desenvolver anticorpos potencialmente agressivos durante a gestação de um bebê Rh(D) positivo. Sem essa injeção, o bebê corre o risco de sofrer com a Doença Hemolítica Perinatal, que pode provocar até a morte.