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O que fazer com a perda de cabelo depois da covid

Sintoma de diversas doenças, o eflúvio telógeno pode atingir 4 vezes mais pessoas que estão em recuperação da doença

2 nov 2022 - 05h10
(atualizado às 08h23)
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A queda de cabelo também está entre os mais de 60 sintomas persistentes associados com frequência à covid longa
A queda de cabelo também está entre os mais de 60 sintomas persistentes associados com frequência à covid longa
Foto: Reprodução/Unsplash/Towfiqu Barbhuiya

Talvez você tenha notado pela primeira vez que seu cabelo estava caindo porque os fios se acumulavam no ralo do chuveiro ou na escova. Talvez tenha se olhado ao espelho e levado um choque ao perceber que a cabeleira parecia diferente, ou talvez tenha feito um rabo de cavalo e sentiu a perda de volume.

Se você se recuperou da covid nos últimos meses, o aumento da perda de cabelo pode não ser coincidência. Algumas pesquisas estimam que 22% dos que foram hospitalizados com o coronavírus tiveram uma queda de cabelo temporária. É mais difícil avaliar quão comum é a condição em pessoas que tiveram formas mais brandas da doença, mas estudos sugerem que a queda de cabelo também está entre os mais de 60 sintomas persistentes associados com frequência à covid longa - alguns dos quais são mais conhecidos, como a perda de olfato, o comprometimento cognitivo e a disfunção sexual.

Os médicos relatam ter notado também um aumento de pacientes em busca de ajuda para o fenômeno. "Nunca vi nada parecido na minha vida. Estou atendendo mais pacientes de ambos os sexos, de todas as faixas etárias, de todas as profissões. É realmente generalizado", disse a dra. Michele Green, dermatologista em Nova York, afiliada ao Hospital Lenox Hill da Northwell Health, especializada em queda de cabelo.

Entendendo o sintoma

A queda de cabelo repentina e temporária tem um nome médico: eflúvio telógeno. Ocorre quando o estresse ou uma doença desencadeiam a queda de mais do que os típicos 50 a cem fios que uma pessoa perde por dia. Não é específico da covid: os especialistas sabem há séculos que doenças graves, cirurgia, perda de sangue, internação, parto e eventos emocionais extremos, como a perda de um ente querido, podem desencadear o eflúvio telógeno. Mas pesquisadores descobriram que pessoas com histórico de covid têm quatro vezes mais chances de desenvolver queda de cabelo do que aquelas que não foram infectadas.

Não é muito claro como exatamente esses estressores físicos e emocionais provocam o eflúvio telógeno. Muitos dermatologistas acreditam que o hormônio do estresse, o cortisol, pode influir, embora também outros elementos químicos possam determinar a queda, afirmou o dr. Luis Garza, professor de dermatologia da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. A covid tem impactado duplamente muitas pessoas, com o estresse mental de uma pandemia acompanhando o estresse físico da própria doença.

Em tempos normais, os fios de cabelo passam por três fases - a fase crescente, chamada fase anágena, a transição, ou fase catágena, e a fase de descanso, também conhecida como fase telógena -, depois das quais o fio cai e o folículo repete todo o processo. Os fios passam pelas diferentes fases do ciclo em diferentes momentos; apenas de cinco a dez por cento do seu cabelo deve estar na fase telógena ao mesmo tempo. (O cabelo em outras partes do corpo entra na telógena em diferentes proporções.) "O eflúvio telógeno encurta o ciclo de muitos fios", explicou Garza. Como resultado, de 30 a 50 por cento do cabelo chegam à fase de queda, e é provável que você note chumaços caindo de dois a três meses depois de um evento traumático. A queda de cabelo pode durar de seis a nove meses, o que parece uma eternidade. Em seguida, diminui, e novos fios começam a crescer.

O que fazer?

Se você começar a notar uma queda de cabelo súbita ou se estiver preocupado com a quantidade que está perdendo, pode ser uma boa ideia consultar um médico no início. "Em geral, você percebe a perda muito antes que alguém consiga vê-la clinicamente", comentou Green. Ao intervir cedo, especialmente se a queda está ligada a uma condição subjacente, é possível tratá-la de modo eficaz.

O médico vai verificar seu histórico, pedir um exame de sangue e provavelmente fazer um teste, no qual pega pequenas seções do cabelo de diferentes partes do couro cabeludo e puxa os fios suavemente. Se seis ou mais fios caem sem resistência, é um indicador positivo de perda ativa. Em alguns casos, seu médico também pode pedir uma biópsia para examinar os folículos capilares.

Se o teste de puxar o cabelo for positivo e seu couro cabeludo não mostrar sinais de vermelhidão ou cicatrizes, que são indicadores de outros tipos de problema, você provavelmente tem eflúvio telógeno. A maioria dos profissionais de saúde aconselha esperar que o cabelo volte a crescer por conta própria, porque o fenômeno é temporário. "Muito do que faço é aconselhar as pessoas quando isso ocorre e atuar como líder de torcida, assegurando a elas que isso vai passar", contou o dr. Arash Mostaghimi, diretor de dermatologia do Hospital Brigham and Women's em Boston.

Alguns dermatologistas podem recomendar iniciar o processo de rebrota aplicando uma solução tópica de minoxidil, medicamento que promove a atividade capilar e que é ingrediente ativo do Rogaine, ou tomá-lo em forma de pílula caso você esteja muito ansioso com a queda ou caso tenha um grande compromisso, como um casamento, o que faz a situação parecer urgente. Mas o minoxidil tem desvantagens, segundo Mostaghimi. Às vezes causa queda quando você começa a tomá-lo, como parte do processo de levar o ciclo do cabelo de volta ao normal. Quando você sentir que o cabelo voltou a ser o que era e desejar parar o tratamento, pode perder alguns fios novamente antes que as coisas se estabilizem, acrescentou.

De acordo com Garza, o simples gerenciamento do seu estresse pode ser outra solução para o eflúvio telógeno. "Uma coisa que digo aos pacientes que me procuram por causa da queda de cabelo é que eles podem se beneficiar da ajuda de um terapeuta, porque sabemos que o estresse causa a queda e que ela também aumenta o estresse. O cabelo é um grande componente da nossa identidade."

A maioria dos dermatologistas concorda que, embora seja um recurso tentador, recorrer a suplementos e xampus que combatem a queda provavelmente não vai resolver seus problemas. "As pessoas gostam de sentir que têm mais controle sobre a pele, o cabelo e as unhas por meio das coisas que consomem, mais do que realmente têm", ressaltou Mostaghimi, acrescentando que os suplementos, por exemplo, não são rigorosamente testados nem bem regulados e que a maioria das pessoas já obtém muitas vitaminas e minerais necessários para um bom crescimento capilar mediante uma dieta variada: "Não aconselho ninguém a ser muito agressivo nesses experimentos, porque pode acabar gastando muito dinheiro nesses itens quando os benefícios são marginais, se é que existem."

A maioria terá algum crescimento mesmo antes que a queda de cabelo diminua completamente. O tratamento pode ajudar a fazer crescer o cabelo dentro de quatro a seis meses, afirmou Green. Mas, se você decidir esperar, seu cabelo vai crescer naturalmente. Pode levar 12 meses ou mais, sobretudo se for mais longo, porque o cabelo cresce muito devagar - em geral, cerca de um centímetro por mês.

Algumas pessoas podem achar que o cabelo não voltou ao volume anterior: os médicos declararam ter notado que o eflúvio telógeno pode ocasionalmente desencadear outros tipos de queda mais permanente, como a calvície feminina ou masculina, embora não saibam por quê. Green alertou que, em outros casos, pode ser um sinal de um problema de saúde contínuo, como um quadro de tireoide ou doença autoimune.

É melhor ter cuidado com o cabelo enquanto você espera que ele cresça de novo. Evite usar dispositivos térmicos ou penteados que causem muita tensão, como um rabo de cavalo apertado, que pode enfraquecer ainda mais os folículos capilares. E tente ser otimista em relação ao processo. "A maioria dos que me procuraram no início da pandemia já está melhor. O cabelo deles se recuperou e agora voltaram a usá-lo como querem", garantiu Mostaghimi.

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Estadão
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