Obesidade 'saudável': a verdade sobre esse mito perigoso
Já ouviu falar no falso consolo de “obesidade saudável”? Conheça agora os perigos por trás disso
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos. Na população adulta, 12,5% dos homens e 16,9 % das mulheres apresentam obesidade e cerca de 50% têm excesso de peso (sobrepeso).
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2030, mais da metade do mundo será obesa.
Nos últimos anos, muito tem se falado sobre a chamada "obesidade saudável". Alguns acreditam que é possível ser obeso e ainda assim desfrutar de uma boa saúde. No entanto, estudos recentes mostram que esse conceito é um mito.
Riscos de morte prematura
Um estudo abrangente publicado pela renomada revista Annals for Internal Medicine revelou dados alarmantes. A pesquisa analisou mais de 61 mil pacientes e constatou que mesmo indivíduos obesos sem problemas metabólicos aparentes têm um risco 24% maior de morte prematura causada por problemas súbitos, como o infarto, quando comparados às pessoas com peso saudável. Essa constatação desafia o chamado paradoxo da obesidade e refuta a ideia de que a obesidade pode ser saudável.
O médico especialista em endocrinologia, William Hafemann Viana, explica que a obesidade é uma condição médica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal.
"As causas da obesidade são multifatoriais, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, ambientais, comportamentais e metabólicos. Uma dieta pouco saudável, sedentarismo e falta de atividade física, estresse e predisposição genética podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade", explica ele.
Sintomas e riscos da obesidade
Roupas que já não servem mais, dificuldade para realizar algumas atividades do dia a dia como amarrar um calçado, aumento do ponteiro na balança e maior vontade de comer são alguns sinais e sintomas comuns. No entanto, esses não são os únicos sintomas. Pessoas com obesidade podem apresentar um ou mais dos seguintes sinais:
- • Episódios de apneia do sono;
- • Dificuldade para movimentar-se;
- • Cansaço frequente;
- • Distúrbios no ciclo menstrual nas mulheres;
- • Falta de ar devido ao peso sobre os pulmões;
- • Dermatites e infecções provocadas pela formação de fungos nas possíveis dobras formadas pela pele;
- • Dores pelo corpo com frequência.
"A obesidade traz consigo uma série de riscos para a saúde. O acúmulo de gordura nas artérias aumenta o risco de doenças cardiovasculares, como angina e infarto do miocárdio. Além disso, a obesidade está relacionada ao aumento do risco de diabetes tipo 2, acúmulo de gordura no fígado, acidente vascular cerebral (AVC), dificuldades de memória, hipertensão, certos tipos de câncer, problemas articulares, problemas de ereção, impotência sexual, cegueira e até mesmo complicações psicológicas, como a depressão", diz o médico.
O mito da "obesidade saudável"
William Hofemann Viana comenta que durante algum tempo acreditou-se que algumas pessoas obesas podiam ser metabolicamente compensadas, ou seja, sem doenças associadas à obesidade, e, portanto, consideradas saudáveis. No entanto, especialistas sempre questionaram essa afirmação. Mesmo que uma pessoa obesa não apresente alterações laboratoriais em um momento específico, a obesidade em si é considerada uma doença. O sobrepeso, por exemplo, já é uma condição predisponente para a obesidade.
"Compreender que a obesidade não pode ser considerada saudável é o primeiro passo para tomar medidas adequadas de prevenção e combate. É fundamental adotar um estilo de vida saudável, isso é essencial para prevenir e combater a obesidade", diz ele.
Aqui estão 5 orientações para ajudar nesse processo:
- 1. Alimentação equilibrada
"Opte por uma dieta rica em frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Evite alimentos processados, ricos em gorduras saturadas, açúcares adicionados e sódio em excesso. Consulte um especialista para receber orientações personalizadas", diz Viana.
- 2. Atividade física regular
A prática regular de exercícios é crucial para a perda de peso e a manutenção da saúde. Busque atividades físicas que sejam adequadas ao seu condicionamento e interesses pessoais. Caminhadas, corridas, natação, musculação e ioga são opções populares. Consultar um profissional pode ajudar a criar um plano de exercícios adequado para você.
- 3. Gerenciamento do estresse
"O estresse crônico pode desencadear o ganho de peso e dificultar a perda de peso. Encontre formas saudáveis de lidar com o estresse, como a prática de técnicas de relaxamento, exercícios, meditação ou terapia."
- 4. Acompanhamento médico
Consulte um médico ou um especialista em endocrinologia para avaliar sua saúde geral, discutir opções de tratamento e receber orientações personalizadas. O acompanhamento médico adequado é fundamental para identificar e tratar possíveis problemas de saúde relacionados à obesidade.
- 5. Mudança de hábitos
"Para combater a obesidade, é necessário fazer mudanças sustentáveis no estilo de vida. Estabeleça metas realistas e foque na incorporação de hábitos saudáveis a longo prazo, em vez de se concentrar apenas na perda de peso rápida", alerta ele.
Obesidade "saudável" é um mito
É importante reconhecer que a ideia de "obesidade saudável" é um mito. Pesquisas demonstram consistentemente que a obesidade está associada a um maior risco de complicações de saúde e morte prematura, mesmo na ausência de problemas metabólicos aparentes. Combater a obesidade requer uma abordagem multidisciplinar.
“Não há tempo a perder quando se trata de enfrentar a obesidade. É fundamental conscientizar-se sobre os riscos envolvidos, buscar apoio profissional e adotar um estilo de vida saudável. Ao combater a obesidade, estamos investindo em nossa saúde e bem-estar a longo prazo”, finaliza William Hafemann Viana.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.