Óleo de canola: existe mesmo motivo para se falar mal dele?
Você já deve ter reparado que sempre há alguém dando dicas de alimentação nas redes sociais. Às vezes, as dicas são boas e vêm de bons profissionais, mas também é comum que elas não sejam confiáveis e tenham como objetivo o engajamento por meio do pânico que geram. Um dos alvos prediletos dos influencers de nutrição são os óleos — e o de canola está em alta neste momento.
Há quem argumente que o óleo de canola poderia gerar riscos à saúde devido ao seu processo de extração, que usa um produto químico chamado hexano. Esse composto é amplamente usado pela indústria como solvente. Seu uso vai desde a fabricação de gasolina a produtos de limpeza.
Por isso, muita gente teme pelas consequências que ele teria em nosso organismo. De fato, o óleo de canola usa esse produto em seu processo de extração e ele é mesmo tóxico em grandes quantidades, mas esse não é o caso da fabricação de óleo para uso culinário.
Diversas pesquisas já foram feitas e não foram encontrados resíduos de hexano em uma quantidade significativa a ponto de gerar algum problema de saúde em humanos.
Óleo de canola causaria doenças no coração
Um segundo ponto fraco do óleo de canola seriam os eventuais problemas cardíacos causados pelo seu uso. Essa hipótese foi levantada após terem sido publicados estudos mostrando o surgimento de enfermidades em ratos que haviam consumido esse óleo.
Isso aconteceria devido à presença de um ácido graxo chamado ácido erúcico, que está presente no óleo de canola. Todavia, esses estudos são antigos e já começaram a ser contestados, o que enfraquece os argumentos dos influencers que citam essas pesquisas como suficientes para que as pessoas evitem o consumo desse produto.
Atualmente, considera-se que os níveis de ácido erúcico presentes no óleo de canola sejam seguros.
Consumo de óleo de canola já matou várias pessoas na Espanha
De fato, os espanhóis ficaram muito assustados com as consequências do consumo de óleo de canola nos anos 1980. Várias pessoas morreram e muitas outras lidaram — e ainda lidam — com sequelas físicas após consumirem óleo de canola.
Mas é preciso tomar cuidado ao usar essa trágica história para falar mal desse produto. O que causou todo esse problema não foi o óleo de canola, mas um agente contaminante que intoxicou o líquido.
Como a empresa responsável ficou por muito tempo em silêncio, surgiram muitas teorias sobre o que estava acontecendo e causando as mortes. Ainda que todo o caso já tenha sido esclarecido, muitas dessas teorias ainda sobrevivem no imaginário de muita gente.
Podemos comparar esse caso com a história da cervejaria brasileira Backer. Dez pessoas morreram intoxicadas pelo vazamento de um produto químico que contaminou a cerveja, o que não significa que o problema foi causado pela bebida.
Por fim, os detratores do óleo de canola atacam as plantações de transgênicos. Em todo o mundo, esse tema gerou debates e ainda causa alguma discussão, mas as pesquisas indicam que o consumo dessas plantas não traz riscos à saúde e pode aumentar a oferta aos produtos.
Feitos esses esclarecimentos, fica a pergunta: posso usar óleo de canola? A resposta é sim. Até o agora, não há indícios de que ele seja prejudicial à saúde.
Contudo, ele é um óleo e deve ser consumido com moderação. Ah! Seu valor nutricional não é tão diferente do óleo de soja a ponto de justificar a troca — na verdade, entre as gorduras boas, ele só tem o ômega 3, enquanto o óleo de soja também tem o ômega 6.