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OMS diz que 'é muito cedo' para declarar emergência internacional por novo coronavírus

Entidade global afirma que doença ainda está localizada na China, mas não descarta mudança de posição em breve

23 jan 2020 - 15h59
(atualizado às 19h38)
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SÃO PAULO - A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu nesta quinta-feira que é "muito cedo" para declarar o surto de infecções pelo novo coronavírus chinês uma emergência de saúde pública de interesse internacional. A decisão, anunciada na tarde desta quinta-feira, 23, foi tomada pela direção da entidade após a consulta a um comitê formado por especialistas de todo o mundo.

O novo vírus já infectou mais de 600 vítimas na China, das quais 18 morreram. A maioria dos casos foi registrada na província de Hubei, onde se localiza a cidade de Wuhan, onde o surto começou.

De acordo com o presidente do comitê de emergência, Didier Houssin, o grupo ficou dividido, mas a visão que prevaleceu foi a de que "não é hora" de declarar emergência por causa do número limitado e localizado de casos e pelas medidas que já estão sendo tomadas para que o surto não se espalhe.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acatou a recomendação do comitê de não declarar emergência e ressaltou, em entrevista coletiva, que dos 584 casos que já foram oficialmente informados à OMS, 575 foram identificados na China, o que mostra o caráter localizado do surto. "É uma emergência na China, mas ainda não se transformou numa emergência de saúde global", disse. A entidade afirmou que o comitê pode se reunir novamente quando necessário e que a decisão pode ser revista a medida que a situação epidemiológica for mudando.

O diretor destacou que, mesmo sem declarar emergência global, a entidade segue acompanhando de perto a situação e tomando medidas para impedir o avanço do surto para outros países. Ghebreyesus afirmou que a entidade não recomenda restrições de viagens, mas que incentiva triagens na saída de aeroportos internacionais chineses para identificar possíveis viajantes sintomáticos. A entidade também recomendou que os aeroportos domésticos, estações de trem e terminais de ônibus façam essa mesma triagem.

"Gostaria de reiterar que o fato de eu não declarar emergência em saúde pública de interesse internacional hoje não deve ser interpretado como se a OMS não achasse a situação séria ou não estivesse levando isso a sério. A OMS está acompanhando esse surto de novo coronavírus a cada minuto de cada dia no nível nacional, regional e global. Estamos completamente comprometidos em acabar com esse surto o mais rápido possível", disse o diretor-geral da organização.

O diretor afirmou que "é esperado" que surjam novos casos e novas mortes pelo vírus nos próximos dias, mas que as autoridades chinesas estão adotando uma série de medidas para evitar que o surto se espalhe para outras cidades. Dois municípios chineses foram isolados.

Segundo o Regulamento Sanitário Internacional da OMS, acordo legal que envolve 196 países, uma emergência de saúde pública de interesse internacional é definida como "um evento extraordinário determinado que constitui um risco de saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional de doenças e por potencialmente exigir uma resposta internacional coordenada".

Alerta global

Muitos países já adotaram medidas para controlar a expansão do vírus. As medidas incluem a criação de zonas especiais exclusivas para passageiros vindos da China, o uso de câmeras térmicas para identificar pessoas com alta temperatura corporal e, até mesmo, o fechamento de fronteiras.

No Brasil, o governo federal entrou em alerta para o risco de transmissão da doença. De acordo com o governo, o país entrou no nível de alerta é 1, que é inicial, em uma escala que vai de 1 a 3. O nível mais elevado é ativado quando são confirmados casos transmitidos em solo nacional. A pasta descartou, no entanto, a existência de casos suspeitos no País.

O ministério diz já ter notificado a área de portos, aeroportos e fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as medidas de prevenção à entrada do coronavírus no País. A área de Vigilância Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde também foram notificadas para seguir as medidas recomendadas pela OMS.

Entre as orientações aos viajantes estão evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas; realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente; e evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas e criações.

De acordo com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), braço da OMS nas Américas, os coronavírus (CoV) são uma grande família de vírus que causam doenças que variam do resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV).

O coronavírus identificado na China é uma nova cepa que ainda não havia sido identificada em humanos. Os coronavírus são zoonóticos, o que significa que são transmitidos entre animais e pessoas. O governo chinês divulgou nesta semana, no entanto, que o novo coronavírus também podem se transmitido entre pessoas.

Os sinais e sintomas da pneumonia indeterminada são principalmente febre, dor, dificuldade em respirar em alguns pacientes e infiltrado pulmonar bilateral.

Estadão
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