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OMS: Informações podem ter efeito negativo contra covid

O diretor-executivo Michael Ryan afirmou que 'bons governos consolidam a confiança na comunidade ao oferecer informações baseadas em evidências'

7 set 2020 - 15h11
(atualizado às 15h26)
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O diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan, disse nesta segunda-feira, 7, que informações distorcidas podem comprometer o combate à pandemia de covid-19. E que também é papel dos governos oferecer informações baseadas em evidências.

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus
03/07/2020
Fabrice Coffrini/Pool via REUTERS
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus 03/07/2020 Fabrice Coffrini/Pool via REUTERS
Foto: Reuters

"Se a população recebe informações manipuladas, distorcidas, infelizmente isso pode ter um efeito negativo. É o caso em diversos países em todo mundo. Muitas pessoas querem apresentar soluções simplificadas, por isso solicitamos transparência e sinceridade, é isso que consolida a confiança na comunidade", afirmou, após ser questionado sobre as mensagens passadas pelo governo brasileiro à população durante a pandemia, como a frequente presença do presidente Jair Bolsonaro em eventos públicos sem o uso de máscara e as declarações a favor do uso da hidroxicloroquina, remédio que não tem eficácia comprovada no combate à covid-19.

"O Brasil é um país muito grande. Os governos dos estados estão muito envolvidos em dar recomendações à comunidade, assim como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Os cidadãos em diversos países, assim como no Brasil, são capazes de buscar informações de várias fontes e, certamente, acho que é importante. É bom estar em uma posição onde você pode ter confiança absoluta no governo, mas também é importante que as pessoas busquem várias fontes de informação", falou Ryan.

Pesquisa da ONG Avaaz feita pelo Ibope mostrou que um em cada quatro brasileiros resistem à ideia de tomar o imunizante quando ele for registrado. Entre as razões da recusa, estão dúvidas quanto à segurança e eficácia do imunizante e fake news propagadas por redes sociais. Reportagem do Estadão mostrou que redes bolsonaristas impulsionam teorias e propagam falsas alegações sobre a segurança e os efeitos de vacinas, por exemplo.

No início da manhã desta segunda-feira, nas comemorações do Dia da Independência, Bolsonaro surgiu sem máscara, acompanhado de crianças, filhas de autoridades convidadas, e cumprimentou apoiadores. Algumas crianças usavam máscara, mas outras não.

OMS também alerta que esta não será a última pandemia

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também alertou que a pandemia de covid-19 "não será a última" que a humanidade precisará enfrentar.

"Essa não será a última pandemia. A história nos ensina que surtos e pandemias são um fato da vida. Porém quando a próxima vier, o mundo deve estar pronto, mais do que estava desta vez", disse.

Ele ainda chamou a atenção para o fato de que muitos países negligenciaram seus sistemas básicos de saúde pública e, portanto, precisarão prepará-los "como um investimento em um futuro mais saudável e seguro".

"Nossa mensagem hoje é que os países continuem investindo em saúde pública e saúde primária durante a batalha da covid-19. Vários países que investiram estão respondendo a pandemia de uma maneira melhor. Investimento em saúde pública e saúde primária é essencial", reforçou.

Estadão
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