ONGs criticam campanha polêmica contra o câncer
Campanha da ONG Pancreatic Cancer Action mostra pacientes afirmando que prefeririam ter câncer na mama, na coluna cervical ou no testículo
Uma campanha de alerta sobre o câncer de pâncreas tem sido criticada por mostrar pacientes afirmando desejar ter uma outra forma da doença. A campanha da "inveja", da ONG Pancreatic Cancer Action, mostra pacientes afirmando que prefeririam ter câncer na mama, na coluna cervical ou no testículo.
A entidade afirmou que seu objetivo era mostrar que outros tipos de câncer apresentam maiores índices de sobrevivência. Mas organizações que lidam com pacientes de câncer de mama criticaram a ONG por "colocar um câncer contra o outro".
'Todos os cânceres são horríveis'
Cerca de 8 mil pessoas são diagnosticadas com câncer no pâncreas a cada ano, mas para muitos o diagnóstico chega tarde demais - e a única forma de tratamento, a cirurgia, já não pode ser realizada.
Apenas 3% dos pacientes conseguem atingir uma sobrevida de cinco anos - muito inferior à dos tumores de mama (85%), testículo (97%) e cervical (67%). A média de expectativa de vida para pacientes de câncer no pâncreas é de quatro a seis meses.
Ali Stunt, a fundadora da Ação do Câncer Pancreático - que sobreviveu à doença - afirmou: "Lamentamos se essa campanha entristeceu alguém e nossos corações estão com qualquer um afetado pelo câncer". "Todos os tipos de câncer são horríveis e são algo que não desejo para ninguém".
Mas ela disse: "nosso anúncio não está dizendo que alguém deseja ter câncer, mas que prefeririam trocar o câncer no pâncreas por outro tipo de câncer que oferecesse melhores chances de sobrevivência".
"Nós selecionamos de propósito tipos de câncer da campanha que têm taxas significativamente maiores de sobrevivência que o câncer no pâncreas".
Desafio
"Taxas de sobrevivência são particularmente pequenas para o câncer pancreático, em parte porque seus sinais e sintomas são muito difíceis de encontrar", disse Jane Maher, o chefe médico da entidade Macmillan Cancer Support, que bancou a campanha. "Temos que assegurar que mais pessoas sejam diagnosticadas em estágios precoces da doença para que tenham mais chances de recuperação".
Mas Chris Askew, executive chefe da organização Breakthrough Breast Cancer afirmou: "nós condenamos qualquer mensagem sugerindo que um tipo de câncer é preferível a outro". "Acreditamos que a campanha recente da Ação do Câncer Pancreático faz exatamente isso".
"Eu ainda não encotrei homem ou mulher portador de câncer de mama que se considere com sorte por ter recebido o diagnóstico".
E Samia al Qadhi, chefe da Breast Cancer Care afirmou: "não é útil comparar um câncer com o outro". "Muitos de nós conhecemos alguém afetado por essa terrível doença e sabemos sobre o impacto que ela pode ter nos pacientes e seus parentes"
"A menos que você tenha passado por isso, é impossível entender completamente o grande desafio enfrentado pelas mulheres que acordam todos os dias par aa realidade brutal do câncer de mama."