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Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 26 milhões de pessoas no mundo são afetadas pela insuficiência cardíaca

22 out 2024 - 16h19
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O envelhecimento aumenta o risco da doença, especialmente após os 60 anos

Em 2022, a insuficiência cardíaca provocou a morte da atriz Claudia Jimenez. A humorista tinha 63 anos. No ano passado, aos 73 anos, o apresentador Faustão passou por um transplante de coração para tratar o problema. O cardiologista Bruno Gustavo Chagas (CRM-RO 4359 e RQE 1140) esclarece que essa é uma condição séria, mas que muitas vezes pode ser tratada de maneira eficaz quando identificada a tempo. Ele diz que o problema acontece quando o coração não consegue bombear sangue de maneira suficiente para atender às necessidades do corpo. Isso significa que o coração está "fraco" ou sobrecarregado, não conseguindo fornecer a oxigenação e os nutrientes que os órgãos e tecidos precisam para funcionar adequadamente. "Quando os sintomas aparecem de forma aguda e súbita, é feito um diagnóstico precoce. Nesses casos, há maior possibilidade de reversão e cura, ou pode ser crônico, o que, por sua vez, também é quando os sintomas são percebidos lentamente e o diagnóstico é tardio — após períodos maiores do início da doença — podendo ser controlado por tratamento adequado e mudanças no estilo de vida", explica.

Sintomas

Fadiga extrema: cansaço excessivo que não melhora com descanso.

Sensação de falta de ar: nas fases iniciais, apenas durante os exercícios físicos. Nos últimos estágios, também pode ocorrer durante o sono em repouso (dispneia paroxística noturna) e sempre que se deita (ortopneia).

Edema: inchaço das pernas, tornozelos e abdômen; mais pronunciado no final da tarde e devido ao acúmulo de líquido no corpo.

Ganho de peso repentino: também ligado à retenção excessiva de líquidos no corpo.

Tosse persistente ou chiado no peito: pode ser resultado do acúmulo de líquido nos pulmões.

Palpitações: sensação de batimentos cardíacos irregulares ou rápidos.

O médico alerta que os demais sintomas se relacionam com a diminuição da entrega de oxigênio e nutrientes aos tecidos orgânicos, como tontura ortostática ao se levantar, sonolência durante o dia, palidez cutânea com suores frios, redução do volume, aumento da concentração da urina durante o dia (oligúria), aumento da diurese noturna, (noctúria), sintomas gástricos como distensão abdominal, má digestão alimentar, flatulência e constipação intestinal.

Causas

Segundo o especialista, a insuficiência cardíaca pode ser causada por uma série de condições que enfraquecem ou danificam o músculo do coração. Entre as principais causas, estão:

Doença arterial coronariana: acúmulo de placas de colesterol nas artérias coronárias podem diminuir o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco e potencialmente resultar em insuficiência cardíaca.

Infarto do miocárdio: obstrução do suprimento sanguíneo ao miocárdio em si, por parte das coronárias, devido, geralmente, à ruptura de uma placa de ateroma. Essa falta do fluxo sanguíneo com oxigênio e nutrientes na região do músculo cardíaco afetado deixa cicatrizes disfuncionais que enfraquecem sua capacidade de bombeamento de sangue.

Hipertensão arterial: o coração tem que trabalhar mais para bombear sangue contra a resistência de vasos sanguíneos mais rígidos ou estreitados.

Doenças das válvulas cardíacas: válvulas inadequadas-abertas ou inadequadas- fechadas forçam o coração a trabalhar demais.

Cardiomiopatias: grupo de doenças que afetam o músculo cardíaco direta e adversamente em sua função.

Diabetes: Os níveis elevados de glicemia (glicose no sangue) e nos tecidos, causam aumento de gordura entre os tecidos dos órgãos, diminuindo gradativamente a força e função orgânica e causa estreitamento do lúmen das artérias que reduz a capacidade de entrega de oxigênio e nutrientes aos tecidos.

Foto: Márcia Piovesan

Dr. Bruno Gustavo Chagas - Foto divulgação

Bruno aponta que algumas doenças granulomatosas como a Sarcoidose, doenças do tecido conjuntivo, tipo miosite, artrite reumatoide e Marfan também podem causar insuficiência cardíaca. "Existem fatores como o alcoolismo crônico, alguns tratamentos como radioterapia da mama esquerda, quimioterapia, uso de drogas ilícitas e algumas infecções que podem danificar diretamente o coração, como a doença de Chagas e a miocardite viral", destaca.

O especialista cita também que a obesidade eleva o excesso de peso e exige mais esforço do coração, o que, ao longo do tempo, pode contribuir para a insuficiência. Outro ponto é o histórico familiar de doenças cardíacas. Sabe-se que a epigenética é predominante, porém, a genética pode desempenhar um papel importante. Ademais, o estilo de vida como o tabagismo, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e dieta inadequada também são fatores que aumentam as chances de desenvolver a doença.

Doença pouco compreendida

De acordo com o cardiologista, apesar de ser uma condição comum, crônica e séria, a insuficiência cardíaca ainda é cercada por mitos e falta de compreensão. Ele afirma que várias pessoas acreditam que se trata apenas de "cansaço" ou "falta de ar", sem perceber que esses podem ser sinais de um problema maior. O termo "coração fraco" (nome popular da doença) muitas vezes leva os indivíduos a subestimar o problema, achando que é algo a ser resolvido com um simples descanso. "Requer tratamento continuado, acompanhamento médico e mudanças de estilo de vida para evitar a progressão. A falta de conhecimento faz com que muitos pacientes demorem a procurar ajuda, o que pode agravar a situação", pontua.

Tratamento

Bruno comenta que o tratamento não medicamentoso é fundamental para a estabilização, diminuição do risco de morte e recuperação. Nesse caso inclui mudanças no estilo de vida como, parar de fumar, adotar uma dieta balanceada, com limite da ingestão de sódio e calorias, controle da composição e peso corporal, praticar atividades físicas leves sob orientação médica e gerenciamento do estresse.

No tratamento medicamentoso de algum tempo atrás, os medicamentos eram usados somente para controlar os sintomas e evitar a progressão da doença. Entre os medicamentos comuns estão os diuréticos — para reduzir a retenção de líquidos — inibidores da enzima conversora de angiotensina, bloqueadores dos receptores da angiotensina e betabloqueadores, que reduzem a sobrecarga pressórica e volumétrica no coração. "Hoje existem medicamentos que, dependendo do caso, conseguem obter a recuperação da função cardíaca, como, por exemplo, inibidores do cotransportador 2 da glicose sódica, os bloqueadores mineralocorticoides e os inibidores da neprilisina, que diminuem a sobrecarga cardíaca", observa.

Já os dispositivos intracardíacos, marcapassos e desfibriladores, podem ser indicados para auxiliar o coração a bater de maneira mais eficiente, sendo chamados de ressincronizadores cardíacos. O cardiologista reforça que a cirurgia, em casos mais graves, pode ser necessária para a correção de válvulas cardíacas ou até mesmo o transplante de coração. "Com o tratamento adequado, é possível ter uma qualidade de vida muito melhor, controlando os sintomas e evitando complicações", finaliza.

Márcia Piovesan
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