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Oxigênio enviado por Bolsonaro serviria por poucas horas

Governo Bolsonaro anunciou ter mandado 8 mil metros cúbicos do oxigênio para a capital do Amazonas após escassez do insumo; demanda do Estado atualmente está em mais de 70 mil metros cúbicos por dia

17 jan 2021 - 11h18
(atualizado às 11h24)
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BRASÍLIA - Duas cargas de oxigênio encaminhadas pelo governo federal a Manaus, no mês de maio de 2020 e neste final de semana, dariam para abastecer o Amazonas por apenas poucas horas.

Presidente Jair Bolsonaro
16/12/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro 16/12/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Na manhã deste sábado, o presidente Jair Bolsonaro propagandeou nas redes sociais que no dia 3 de maio mandou um carregamento de 200 cilindros de oxigênio ao Estado, algo em torno de 2 mil metros cúbicos do produto. Também no sábado, o Ministério da Defesa divulgou nota destacando que mais 6 mil metros cúbicos foram encaminhados ao Estado, o que totalizaria 8 mil metros cúbicos do oxigênio.

De acordo com o governo do Amazonas, no entanto, a demanda diária, que estava antes do segunda onda da pandemia de covid-19, em torno de 30 mil metros cúbicos, subou para mais de 70 mil na última semana. As duas remessas, dessa forma, não somariam nem 10% da demanda total de um dia dos hospitais do Estado.

Se for levado em conta os duzentos cilindros de oxigênio que o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse no Twitter que enviou no mês de maio para o Amazonas, o volume não daria para abastecer os hospitais do Estado nem por duas horas, mesmo se fosse considerada a demanda de períodos anteriores à pandemia.

Desde a última quarta-feira, 13, quando o sistema de saúde do Amazonas entrou definitivamente em colapso, o presidente passou a ser cobrado a dar uma resposta imediata ao problema. As mortes de pessoas por asfixia, devido à falta de oxigênio, ganharam o mundo.

O governo brasileiro também foi duramente criticado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas redes sociais e no meio político o presidente também passou a ser cobrado com maior intensidade, até que Bolsonaro resolveu, nesta sexta, 15, se defender. "Fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do Estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus", disse.

No dia seguinte aos partidos de oposição anunciarem que vão ingressar com um novo pedido de impeachment, o presidente foi às redes sociais, neste sábado, para reafirmar que o governo estaria agindo. "Desde o início da pandemia o @govbr, além de recursos, enviou material humano e oxigênio para o Amazonas", destacou, no Twitter.

A postagem é acompanhada de um vídeo, da Secretaria Especial de Comunicação, que informa que o governo mandou duzentos cilindros de oxigênio para o Amazonas no mês de maio.

Além do oxigênio, Bolsonaro diz no Twitter que o Ministério da Defesa entregou no Estado 31 toneladas de álcool em gel, no início da pandemia, em aviões cargueiros da Força Aérea Brasileira (FAB).

A reportagem procurou o Palácio do Planalto, neste sábado, para que o governo pudesse comentar a postagem do presidente. O Estadão também quis saber se outras cargas de oxigênio, além da informada pelo presidente, foram enviadas pelo governo a Manaus durante a pandemia. O governo não quis comentar.

Estadão
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