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Pandemia reduz ritmo no litoral e acelera no 'interior profundo' de SP

Disseminação do novo coronavírus desacelera na capital paulista e em áreas próximas, como a Baixada Santista, mas avança em regiões mais distantes, segundo especialistas

9 jul 2020 - 10h10
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SOROCABA - Seguindo a previsão dos pesquisadores, a pandemia do novo coronavírus reduz o ritmo de disseminação na capital paulista e em áreas próximas, como a Baixada Santista, mas acelera em regiões distantes, no interior de São Paulo. O Estado registrou nesta quarta-feira, 8, 341.365 casos e 16.788 óbitos pelo vírus. Dos 645 municípios, 629 já tiveram ao menos uma pessoa infectada e em 398 houve morte. Conforme o pesquisador Raul Guimarães, especialista em geografia da saúde, depois de se instalar nas áreas metropolitanas, a doença já se dissemina no "interior profundo" de São Paulo.

Em São José do Rio Preto, a 440 km da capital, os números registrados nesta quarta-feira, 8, indicam que a doença está em curva ascendente, segundo a vigilância epidemiológica. Foram confirmadas dez novas mortes, elevando o total para 116, e houve 269 casos positivos a mais - total de 3.700 infectados. Conforme a gerente Andréia Negri, da semana passada para esta, houve aumento de 28% no número de casos e de 39% em mortes.

Ao todo, 228 pessoas estão internadas, sendo 95 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 133 em enfermagem. "As internações estão se mantendo acima de 200 pessoas, o que aumenta a ocupação de leitos. Estamos na ascendência da doença e só cabe à população decidir se vamos entrar na exponencial, ou no platô, para a doença vir a cair. Depende do comportamento das pessoas", disse.

Em Bauru, a doença também acelerou, com 2.040 casos confirmados - 55 nesta quarta. Em uma semana, o número de óbitos subiu de 31 para 38. Araçatuba, outra cidade importante do noroeste paulista, teve quatro mortes registradas nesta quarta, chegando a 37. Em uma semana, os casos subiram de 767 para 1.153. Presidente Prudente, no extremo oeste, registrou 54 casos em um dia e avançou para 992 pessoas infectadas. O número de óbitos chegou a 23 - quatro desta semana.

Na região intermediária entre a capital e o oeste, as principais cidades estão no pico da doença. A prefeitura de Campinas confirmou 20 novas mortes nesta quarta, chegando a 404 óbitos durante a pandemia. Com mais 379 casos positivos, o total é de 10.853. A taxa de ocupação de leitos nas redes pública e privada se manteve em 88%. A prefeitura prevê uma sobrevida na rede hospitalar, já que cidades da região devem transferir pacientes para a capital.

Em Ribeirão Preto, mais 290 pessoas pegaram o vírus - agora são 6.288 casos - e o número de óbitos subiu de 186 para 196 nesta quarta. A ocupação de vagas para covid-19 em UTIs chegou a 92,9%. A prefeitura de Sorocaba confirmou mais 181 casos e quatro mortes, elevando os números para 7.047 infectados e 156 óbitos. Havia 149 pessoas internadas. Piracicaba registrou 135 casos novos e cinco mortes nesta quarta. São agora 3.921 pacientes positivos e 111 pessoas que morreram.

Redução

Na Baixada Santista, o crescimento da doença foi menor nos últimos sete dias do que na semana anterior. O avanço dos casos caiu de 57% para 37% de uma semana para a outra - o total nos nove municípios é de 27.689. A mortalidade, no mesmo período, teve o crescimento desacelerado de 47% para 22%. Já são 1.070 óbitos. Depois da Grande São Paulo, a região foi a primeira a registrar grande volume de casos.

Para o infectologista Marcos Caseiro, que atua em comitês da covid-19 na região, os dados mostram uma estabilidade da pandemia na Baixada Santista. A queda no ritmo da doença, segundo ele, é maior em Santos e cidades próximas, como São Vicente, Praia Grande e Cubatão. Centros urbanos mais distantes, como Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, ainda estão na fase de crescimento no número de casos. "A doença está se interiorizando e ainda deve crescer nos municípios mais distantes", disse.

De acordo com pesquisador Guimarães, a modelagem espacial feita sob sua coordenação por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no início de abril já projetava o avanço do vírus do epicentro, na Capital, para as principais cidades do interior. O novo coronavírus se aproveitou da mobilidade da população para se espalhar. "O isolamento social, que poderia reduzir ou retardar a transmissão, não aconteceu da forma como deveria ser. Das cidades maiores, o vírus se espalha para as menores, inclusive os municípios tipicamente rurais, no interior mais profundo", disse.

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Foto: Arquivo pessoal/instagram @mesarequinte / Estadão
Estadão
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