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Para pacientes com outras doenças procurarem atendimento, elevadores são separados em hospitais

Ideia é evitar que pacientes com outras doenças graves tenham contato com infectados pela covid-19

13 mai 2020 - 05h12
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Para evitar que pacientes com outras doenças graves, como câncer ou problemas cardíacos, deixem de procurar atendimento por medo da covid-19, hospitais estão criando fluxos de atendimento totalmente separados para pacientes com suspeita de doença respiratória para que os demais usuários não estejam no mesmo espaço de quem possa estar contaminado pelo coronavírus.

A nova organização inclui não só a criação de um pronto-atendimento exclusivo para quadros respiratórios, como também separação de elevadores, andares de internação e de equipes.

No Hospital Albert Einstein, onde o primeiro caso de coronavírus do País foi diagnosticado, o alerta para a necessidade da separação completa dos fluxos de atendimento foi maior quando a unidade percebeu que pacientes com sintomas graves de outras doenças estavam deixando de procurar a unidade por considerar os hospitais "ambientes contaminados".

"Vimos um caso de uma paciente que chegou a desmaiar em casa e demorou horas para vir ao hospital e, quando chegou, teve um diagnóstico de aneurisma. Também tivemos uma gestante com um bebê já em momento expulsivo preso à placenta. Todos casos de pessoas que estavam adiando a vinda ao hospital por medo. Não podemos deixar isso acontecer. Independentemente da pandemia, precisamos continuar cuidando dos outros pacientes e deixar claro que os espaços são separados e seguimos regras para deixar o ambiente seguro", diz Tatiane Canero, gerente de apoio assistencial e fluxo do paciente do Einstein.

Além dos espaços separados para pronto-atendimento de casos covid e não covid, há entrada segregada para o centro de oncologia e maternidade. Deixou de ser necessário passar pelo setor de internação para assinar documentos antes de subir ao quarto. "Abolimos todos os papéis porque as pessoas tinham medo até de pegar em canetas. A pessoa que for internada vai da recepção direto para o quarto", explica Tatiane.

"Como o Einstein teve esse protagonismo na identificação dos primeiros casos, percebemos que alguns pacientes ficavam com medo de vir. A recomendação é de fato para que, quem puder, fique em casa. Mas há tratamentos que não podem ser interrompidos e os hospitais mantêm uma série de protocolos de higiene e segurança. Costumo brincar que me sinto mais seguro aqui do que dentro do hortifrúti", diz Sérgio Araújo, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia do Einstein.

Antes de qualquer cirurgia, seja uma operação de retirada de tumor ou uma cesariana, o paciente passa por um exame de coronavírus bancado pelo hospital. A ideia é identificar infecções ainda assintomáticas e proteger tanto o paciente de complicações quanto os profissionais de saúde e demais doentes.

Se o paciente é diagnosticado positivo, a cirurgia é adiada, quando possível. Caso não seja, a operação é feita em salas com pressão negativa para reduzir o risco de disseminação do vírus e proteção extra aos profissionais.

Até no estacionamento foram feitas mudanças. Todos os carros deixados no valet do Einstein têm o volante, o câmbio e os bancos cobertos por capas plásticas protetoras antes de serem estacionados por manobristas

"Quando vi o medidor de temperatura na entrada, as máscaras e álcool em gel em todos os lugares me senti segura. O andar da oncologia está completamente isolado do restante", diz a pedagoga Maria Célia de Toledo Garcia Petto, de 67 anos, que continua tratamento de câncer no Einstein mesmo em meio à pandemia.

No A.C. Camargo Cancer Center, os atendimentos também foram separados. "Ao chegar ao pronto-socorro, o paciente com síndrome gripal vai para um lado e os demais doentes vão para o lado oposto. Se o paciente com suspeita de coronavírus está grave e tem de ficar internado, fica em um andar de isolamento exclusivo para pacientes com câncer e covid", diz José Marcelo de Oliveira, CEO do A.C. Camargo.

Estadão
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