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Parada cardíaca após cheirar pimenta: entenda reação alérgica a alimentos

Goiana de 25 anos está em coma induzido; médica recomenda que pessoas alérgicas tenham "plano de ação" para possíveis crises

28 fev 2023 - 08h11
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O caso da trancista goiana Thais Medeiros, de 25 anos, que, segundo a família, teve uma parada cardíaca e após inalar pimenta em conserva, e está internada em coma induzido, chama a atenção para reações alérgicas provocada por alimentos.

De acordo com a médica alergista e imunologista Mariana Bomfim Teixeira, pelo relato da mãe de Thais Medeiros, a jovem teve uma anafilaxia, que é uma reação alérgica aguda, que acontece nos primeiros minutos após o contato com o produto que desencadeou a alergia. A pimenta, diz ela, não está entre os alimentos que mais provocam reações graves.

A substancia alergênica da pimenta, a capsaicina, normalmente provoca espirros e coceiras. Os alimentos que mais provocam alergias graves são o ovo, o leite, o trigo, os frutos do mar e os peixes. Reações a medicamentos e a picadas de insetos também podem levar a quadros graves.

A anafilaxia, explica a médica, é mais comum no segundo contato com o produto. "Geralmente, na primeira exposição ao alimento a reação é mais branda, se agravando a partir do segundo contato", diz Mariana.

O que difere a anafilaxia de uma reação alérgica mais branda é o fato de ela ser sistêmica, afetar dois órgãos ou sistemas. A pimenta, além de provocar a coceira na garganta de Thais, afetou seu sistema respiratório, ao dificultar a respiração, o neurológico e o cardiocirculatório, uma vez que a jovem também teve sonolência e desmaiou.

Uma reação alérgica dessa natureza e proporção pode também atingir simultaneamente o sistema gastrointestinal, provocando vômitos, por exemplo. O edema cerebral no caso de Thais, explica Mariana, deve ter sido causado pela falta de oxigenação no cérebro.

Cuidados

Pessoas que têm risco de anafilaxia devem, além de evitar totalmente o contato com a substancia que lhes causa a alergia, ter um plano de ação para possíveis crises, que envolve levar consigo os medicamentos antialérgicos e também uma caneta de adrenalina injetável. "Isso pode salvar a vida de uma pessoa em caso de anafilaxia", afirma a medica.

Thais Medeiros está em coma induzido após ter uma parada cardiorrespiratória após cheirar pimenta em conserva no último dia 17, na cidade de Anápolis (GO), a 55 km da capital, segundo informações da família.

Há sete anos, segundo sua mãe, Adriana Medeiros, ela descobriu que tinha asma e, desde então, vinha tendo crises, principalmente quando havia mudanças no tempo. Em 2020, chegou a ser internada por cinco dias em razão de uma infecção no pulmão, conta a mãe, que disse sempre manter a casa sem poeira e evitar produtos com cheiro por causa da doença da filha.

Estadão
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