Parar de fumar engorda? 3 mitos e verdades sobre o cigarro
Tabagismo é uma das doenças crônicas que mais matam no planeta; saiba como lidar com o problema e descubra se parar de fumar engorda mesmo
Não é novidade para - quase - ninguém que o cigarro é prejudicial para saúde. Seja do fumante, ou das pessoas ao redor dele. Basta dar uma olhada no verso do maço de cigarro para descobrir como o hábito pode ser nocivo. Porém, abandonar o vício não é uma tarefa tão simples e, geralmente, necessita de ajuda especializada. Com isso, crenças e mitos populares também podem deixar algumas interrogações na mente de quem quer se livrar desse mal.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Combate ao Câncer), o tabagismo é uma doença crônica, que ocorre por conta de uma dependência atrelada à nicotina, substância encontrada em produtos à base de tabaco, como o cigarro. Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), apontam que a doença é responsável por matar aproximadamente oito milhões de pessoas por ano no mundo.
Os números são alarmantes e apontam para a importância de largar o vício do cigarro o quanto antes. Porém, muitas pessoas que têm vontade de abandonar o tabagismo acabam esbarrando em informações desconexas e crenças populares infundadas. Para evitar que isso ocorra, Silvia Cury, gerente de psicologia do Hcor (Hospital do Coração), respondeu algumas dúvidas comuns sobre o assunto. Confira:
1 - Parar de fumar engorda: MITO
É comum que as pessoas tenham medo de ganhar alguns quilos ao pararem de fumar. O que acontece, na verdade, é que muitos ex-fumantes acabam substituindo o cigarro pela má alimentação e, obviamente, engordam. Mas, quando o processo de cessação ao tabagismo é realizado de maneira correta, esse risco é quase inexistente.
De acordo com a especialista, é normal que as pessoas sintam vontade de comer mais doces quando abandonam o vício do cigarro, já que esses alimentos liberam hormônios do prazer que aliviam a abstinência da nicotina momentaneamente. Dessa forma, encontrar outras atividades prazerosas, como o esporte, pode ser a chave para evitar o ganho de peso. "Ao trabalhar a ansiedade do paciente, ele vai buscar outra forma de lidar com ela. Ele não vai substituir cigarro por comida. Ele vai ter que fazer outras atividades, como exercícios físicos, que liberem, por exemplo, uma outra substância química que ajuda ele a ter prazer também", conta a Dra. Cury.
2 - Cigarro vicia tanto quanto outras drogas ilícitas - VERDADE
Usar cigarro por não considerar que ele pode viciar tanto quanto outras drogas é um grande erro. De acordo com a psicóloga, o tabagismo tem o mesmo poder ou até mais chances de gerar um vício crônico em seus usuários. "É mais difícil você parar de fumar e manter a abstinência do cigarro do que você parar de usar uma droga ilícita e ficar abstinente. A recaída em cigarro é muito maior", conta.
3 - Fumar apenas nos finais de semana não vicia - MITO
Algumas pessoas não têm o hábito de fumar todos os dias, apenas em ocasiões - teoricamente - especiais. Costumam deixar o cigarro de escanteio durante os dias de trabalho e fumam só em momentos de lazer, geralmente, nos fins de semana. Por fazerem isso, alguns acreditam que não são viciados em cigarro, mas estão enganados. "A pessoa vai modular a forma de fumar. Então ela tem que ser tratada como uma pessoa dependente também. O cérebro dela se acostumou a fumar nos finais de semana. Se ela tentar parar, vai ter a mesma sintomatologia de abstinência", explica a Dra. Cury.
InCor recruta voluntários para estudo de novo tratamento contra o tabagismo
Por enquanto, os tratamentos médicos que ajudam a parar de fumar são todos farmacológicos - a base de medicamentos. No entanto, um estudo do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), avalia a eficácia de uma técnica de estimulação magnética transcraniana profunda, que dispensa a utilização de remédios.
De acordo com a cardiologista Jaqueline Scholz, coordenadora da Área de Cardiologia do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor, o princípio do tratamento em estudo é gerar um campo magnético direcionado para a área do cérebro que é responsável pelo prazer. "A ideia é que esse estímulo provoque uma liberação contínua dos neurotransmissores, para que o paciente não tenha sintomas de abstinência", explica. Caso seja comprovado que o método funciona, seria uma ótima alternativa para as pessoas que não querem utilizar medicamentos na luta contra o cigarro.
Os interessados em participar do estudo devem ser fumantes com consumo diário de 10 cigarros ou mais e idade entre 22 e 70 anos. Os voluntários podem ser homens ou mulheres. As únicas restrições são: doentes (com exceção daqueles que têm doença crônica controlada) e com episódios de convulsões, crise epiléptica e dor de cabeça frequentes. Também não pode participar quem faz uso de medicação psicotrópica, terapia de reposição de nicotina, medicamento para auxílio da interrupção do fumo, abuso ou dependência de drogas.
Os voluntários devem enviar e-mail para secretaria.tabagismo@incor.usp.br ou se informar pelo telefone 11-2661-5592, das 7h às 13h e das 14h às 16h, de segunda à sexta-feira.