Perda auditiva pode levar à demência? Especialista explica
Estudos sugerem uma associação importante entre a perda auditiva e o desenvolvimento de demência. Entenda o que se sabe
De acordo com a ONU, atualmente, há cerca de 470 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva. E, até 2050, a projeção é que esse número chegue a 900 milhões. O dado, por si só, acende um alerta sobre a saúde pública mundial - principalmente quando consideramos que a perda auditiva pode levar à demência.
Ariane Gonçalves, audiologista e especialista em audição da clínica AudioFisa, explica que a relação entre perda auditiva e demência é complexa e ainda não totalmente compreendida. No entanto, estudos sugerem que existe uma associação significativa entre as duas condições.
Qual a relação entre a perda da audição e a demência?
"A perda auditiva não tratada tem sido associada a um maior risco de desenvolver demência. E alguns pesquisadores propõem que a perda auditiva pode ser um fator de risco modificável para o desenvolvimento de demência", explica a especialista.
Segundo ela, a perda auditiva não tratada pode aumentar o risco de demência por várias razões. "Uma delas é a teoria da carga cognitiva, que sugere que o esforço cognitivo necessário para compensar a perda auditiva pode sobrecarregar o cérebro, deixando-o mais suscetível a danos ou declínio cognitivo", afirma.
Além disso, a privação sensorial causada pela perda auditiva pode levar a mudanças neurobiológicas que aumentam o risco de demência.
"Não há uma relação clara que indique se pacientes com demência têm naturalmente problemas de audição. No entanto, é possível que indivíduos com demência tenham uma maior probabilidade de também desenvolver problemas de audição devido ao envelhecimento ou a outros fatores de risco compartilhados", acrescenta a audiologista.
Uma questão que merece atenção
A profissional lembra que o tratamento da perda auditiva geralmente envolve o uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares, dependendo da gravidade da perda auditiva.
"O momento ideal para tratar a perda auditiva é assim que receber o diagnóstico. Isso porque o tratamento precoce pode ajudar a preservar a função auditiva e reduzir o risco de complicações, como a demência", salienta.
É importante ressaltar ainda que a perda auditiva e a demência são condições que podem afetar significativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.
"Portanto, é crucial procurar ajuda médica assim que os sintomas forem notados e seguir um plano de tratamento adequado. Além disso, medidas de prevenção, como evitar a exposição a ruídos altos e proteger a audição, podem ajudar a reduzir o risco de perda auditiva ao longo da vida", finaliza a profissional.