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Perguntas e respostas: vitamina D não é a cura do coronavírus

CONTEÚDO ABERTO PARA NÃO-ASSINANTES: Especialistas alertam que as pessoas não devem fazer uso de suplementos, pois excesso pode ser prejudicial à saúde

2 abr 2020 - 05h11
(atualizado em 24/4/2020 às 12h40)
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A notícia vinda da Itália de que a vitamina D poderia ser uma aliada para evitar o novo coronavírus e teria impactos positivos em pacientes infectados pela covid-19 logo se espalhou e despertou o interesse das pessoas pela vitamina. Mas especialistas alertam que as pessoas não devem fazer uso de suplementos, pois, em excesso, a vitamina pode causar danos aos rins e quadros de desidratação, fadiga e confusão mental.

Para quem busca aumentar a imunidade, a fórmula é conhecida: alimentação saudável, prática de exercícios, tomar líquido e dormir bem. No caso da Itália, diante de um expressivo número de pacientes com a doença que apresentavam deficiência de vitamina D, os professores da Universidade de Turim Giancarlo Isaia e Enzo Medico elaboraram um documento reunindo estudos que apontavam benefícios da vitamina, como redução do risco de infecções de origem viral e capacidade de neutralizar danos nos pulmões causados por hiperinflamações, e sugeriram aos médicos que buscassem garantir os níveis adequados da vitamina principalmente em pacientes que não se expõem ao sol, como idosos com a saúde frágil.

O documento, apresentado a membros da Academia de Medicina de Turim, sugere ainda a possibilidade de administração, por via intravenosa, da forma ativa da vitamina D em pacientes com a doença e com a função respiratória comprometida. Em comunicado divulgado pela revista da universidade na segunda-feira, os professores destacaram que, embora apresente links para artigos publicados sobre pesquisas que já foram realizadas, o documento elaborado por eles não se trata de um estudo científico.

O Estado levantou dúvidas com base em questões enviadas por leitores do grupo EstadãoInforma: Coronavírus, espaço para discussão e troca de informações sobre a pandemia criado pelo jornal no Facebook. As respostas têm como base entrevistas com Rosana Perim, gerente de nutrição do HCor, Sergio Setsuo Maeda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional São Paulo (Sbem-SP), Odair Albano, médico ginecologista pela Universidade Estadual de Campinas e ex-secretário de Saúde de Campinas, além de reportagens do Estado. O grupo é um espaço para discussão e troca de informações sobre a pandemia na rede social. Qualquer usuário pode enviar dúvidas.

Quero me proteger do novo coronavírus. Devo tomar suplementos de vitamina D?

Não, embora estudos tenham apontado os benefícios da vitamina para doenças respiratórias, especialistas dizem que a eficácia foi notada em pacientes que tinham um déficit muito acentuado do nutriente. Além disso, suplementos devem ser tomados com prescrição de um médico ou nutricionista. A recomendação para ter bons níveis de vitamina D no organismo é tomar 20 a 30 minutos de banho de sol por dia. Em alimentos, ela está presente em óleos e peixes.

Quais são os riscos de tomar vitamina D em excesso?

Pode levar ao aumento de cálcio do sangue, favorecendo a formação de cálculos nos rins e podendo causar até perda da função renal, confusão mental, desidratação, fadiga, fraqueza muscular e náuseas.

Como se dá a produção da vitamina D?

A vitamina D é sintetizada pela pele, sob ação dos raios ultravioleta - cerca de 80% a 90% do que temos no nosso organismo vêm da exposição solar. A descoberta de receptores de vitamina D em vários órgãos mudou a maneira como se enxergava essa substância - ela deixou de ser um simples nutriente que aumentava os níveis de cálcio no corpo e fazia a manutenção óssea e muscular e passou a ver vista como importante para a ação metabólica, neuroprotetora e para a imunidade.

Qual é o período indicado de exposição solar?

Em geral, a exposição diária de braços e pernas por um período de 5 a 30 minutos entre 10 horas e 15 horas, sem o uso de protetores, é suficiente para garantir níveis adequados de vitamina D.

Quando precisa haver suplementação?

Pode haver necessidade de suplementação em situações de baixa exposição solar, idade avançada, dieta pobre em vitamina D, doenças crônicas, gravidez e lactação, cirurgias que reduzem a absorção da substância, uso de algumas medicações e insuficiência renal.

O que devo evitar para manter minha imunidade alta?

Hábitos como manter uma alimentação rica em gordura e embutidos, ser sedentário, beber em excesso, fumar e ficar estressado. Dietas muito restritivas também podem ser prejudiciais.

Quais alimentos devo consumir para fortalecer minha imunidade?

O ideal é ter uma alimentação variada, com consumo de frutas, legumes, verduras. As pessoas não devem deixar de lado as proteínas, porque elas são componentes das células de defesa do sistema imunológico.

Sou vegetariano e não consumo proteína animal. Minha imunidade será mais baixa?

Não, porque as proteínas vegetais, presentes em alimentos como o grão-de-bico, por exemplo, vão fazer esse papel.

Não gosto de cozinhar. Posso comprar alimentos industrializados?

O ideal é evitar os alimentos industrializados, porque eles não são ricos em nutrientes e podem ter excesso de gordura, açúcar ou sal. Eles também favorecem o ganho excessivo de peso. Diante da situação de isolamento, preparar as refeições pode se tornar um momento especial. Para quem tem crianças, pode ser uma maneira de conversar sobre a importância de uma alimentação saudável.

Preciso me hidratar bem neste período?

Sim. Pode ser com água, chá ou suco. Os líquidos regulam a temperatura corporal, fazem o transporte dos nutrientes e ajudam a eliminar substâncias tóxicas.

Estou em isolamento social. Preciso manter meus horários de dormir e acordar?

O ideal é que toda a rotina seja mantida, sono, refeições, atividades físicas. Dormir bem é importante para a imunidade e o recomendado é de sete a nove horas por noite.

Estadão
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