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Pílula do câncer é reprovada em primeiro teste oficial

Conheça os resultados obtidos no teste com a fosfoetanolamina sintética

22 mar 2016 - 19h36
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Desde que passou a ser produzida, em 1980, a fosfoetanolamina sintética, popularmente conhecida como a pílula do câncer, passou a ser uma esperança para pessoas com a doença. A droga mostrava indícios que podia ser uma alternativa aos tratamentos tradicionais da neoplasia. Porém, até então, nenhum teste oficial havia sido realizado.

Os primeiros resultados encontrados em pesquisa realizada pela USP de São Carlos, no entanto, não foram nada animadores. Segundo o estudo, a medicação teve um baixo grau de pureza e mostrou pouco ou nenhum efeito sobre as células tumorais. O desempenho foi muito inferior ao de drogas anticâncer disponíveis há décadas.

Pacientes têm entrado na Justiça para ter direito às cápsulas
Pacientes têm entrado na Justiça para ter direito às cápsulas
Foto: iStock/Getty Images / Vivo Mais Saudável

Fosfoetanolamina sintética ainda não será descartada

Mesmo com esses resultados pouco animadores, testes com a droga não devem ser descartados. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), essas informações devem ser encaradas como preliminares. Ou seja, não há razão para pré-julgamento. Se os primeiros dados não foram bons, é preciso aguardar os próximos.

Para a professora do curso de Medicina do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), Gabrielle Scattolin, a fosfoetanolamina provavelmente será mais estudada e, em alguns anos, poderá realmente se atestar o verdadeiro efeito dessa pílula. “Por enquanto, a cápsula pode ser considerada apenas um remédio experimental, quase uma curadoria, sem nenhuma comprovação de eficácia", afirma.

Outras pesquisas independentes foram realizadas pela Universidade Federal do Ceará e pelo Centro de Inovação e Ensinos Pré-Clínicos, em Santa Catariana. Em ambos os estudos, para diminuir os tumores, tiveram que ser utilizadas concentrações de fosfoetanolamina milhares de vezes maiores que as de drogas anticâncer convencionais.

Testes administrados em ratos de laboratório saudáveis mostraram que não houve efeitos tóxicos, mesmo com as altas doses de concentração administradas. O próximo passo deverá ser a realização de estudos em animais doentes para ver o que acontecerá com a droga em contato com os tumores em seus organismos.

Pílula do câncer e o apelo popular

A falta de testes conclusivos com a pílula do câncer não tem impedido que familiares de pacientes solicitem a administração da droga. No entanto, como a substância ainda não foi regulamentada pela Anvisa, a fosfoetanolamina sintética só tem sido liberada por meio de processos judiciais.

Esse entusiasmo popular com a substância fez, inclusive, com que a Câmara dos Deputados aprovasse um projeto que libera a produção, a venda e o uso da pílula. No entanto, ainda falta o aval do Senado para a legislação ir adiante.

Em nota, o Instituto de Química de São Carlos, onde a cápsula foi desenvolvida, admite que não dispõe de dados sobre a eficácia da fosfoetanolamina no tratamento dos diferentes tipos de câncer em seres humanos. Ou seja, quem tem recorrido à Justiça para obter as pílulas se baseia em uma droga com efeitos desconhecidos, tanto positivos quanto negativos.

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