Por que tomar omeprazol todos os dias pode ser um perigo para a sua saúde?
Medicamento é popular e indicado para diminuir a produção de ácido no estômago
Medicamento amplamente prescrito para tratar condições gastrointestinais como úlceras e refluxo ácido, o omeprazol tornou-se um elemento comum nas rotinas de muitas pessoas. No entanto, à medida que a popularidade do omeprazol cresce, também aumentam as preocupações entre profissionais de saúde e pesquisadores sobre seus efeitos adversos a longo prazo.
Em entrevista ao Terra, os gastroenterologistas Octacílio Felício e Suzana Fadel comentam sobre riscos subjacentes, alternativas e precauções que podem ajudar a proteger sua saúde gastrointestinal.
Suzana Fadel, médica do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), explica que o omeprazol é um medicamento da classe dos inibidores da bomba de prótons (IBP), que reduz a produção de ácido clorídrico no estômago. Esse ácido é importante para neutralizar bactérias que chegariam ao intestino. Sua ausência pode facilitar infecções, como da bactéria Clostridium difícil, que causa um tipo de colite.
“Além disso, a mesma célula que produz o ácido clorídrico também produz uma substância chamada "fator intrínseco", essencial na absorção da vitamina B12. A deficiência dessa vitamina pode causar anemia e até mesmo demência. A baixa acidez no estômago também prejudica a retirada do ferro e do cálcio dos alimentos, levando futuramente a anemia, osteopenia e osteoporose”, diz a especialista.
Para Octacílio Felício, gastroenterologista cirurgião do aparelho digestivo, coordenador médico do Serviço de Endoscopia da Associação Evangélica de Minas Gerais e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto, é importante ressaltar que não só o uso prolongado, como o uso inadequado do medicamento podem causar danos. “Existem outros fatores como a frequência e a dose utilizada, que também trazem riscos para a saúde”, afirma.
“O Omeprazol, assim como todas as outras drogas da mesma família, Pantoprazol, Esomeprazol, Rabeprazol, etc, atuam bloqueando um dos caminhos que levam à produção de ácido clorídrico pela células da mucosa gástrica, aumentando consideravelmente o Ph do meio interno do órgão. Isto, quando feito de modo inadequado, pode modificar a estrutura da mucosa do estômago e consequente os mecanismos de absorção de alguns elementos”, afirma o profissional.
Os médicos explicam que é preciso ajustar o uso conforme a necessidade, especialmente pessoas que apresentem:
- Insuficiência renal crônica
- Doenças ósseas
- Doenças do sangue
- Doenças neurológicas
- Doenças intestinais como retocolite
- Gravidez
- Lactação
Quanto às alternativas ao omeprazol que podem ser consideradas para o tratamento de condições gastrointestinais semelhantes, o gastroenterologista diz que existem algumas alternativas mais antigas e outras mais recentes. Todas, no entanto, visam basicamente o bloqueio da ação do ácido clorídrico sobre a mucosa gástrica.
“Os antiácidos como o hidróxido de alumínio são amplamente conhecidos há décadas e a vonoprazana é uma das drogas mais recentes para o tratamento das doenças pépticas. O mais importante, no entanto, é identificar qual a necessidade exata do paciente a ser tratado e o acompanhamento adequado para os devidos ajustes necessários”, orienta o especialista.
No que diz respeito aos sinais ou sintomas que indicam que alguém pode estar experimentando efeitos adversos do uso diário de omeprazol, Suzana Fadel destaca que os principais efeitos colaterais, como diarréias, anemia, cansaço e fadiga já são sinais de alerta.
“A automedicação pode ser o principal fator que leva aos efeitos colaterais dos medicamentos. Portanto, o médico sempre deverá ser consultado para o diagnóstico e tratamento corretos”, conclui.