Primeiro caso autóctone de sarampo é confirmado e causa alerta em Santos
Menina de quatro anos tinha sido vacinada contra a doença; paciente não precisou de internação hospitalar e ficou em isolamento social
SOROCABA - A Secretaria Municipal de Saúde confirmou nesta terça-feira, 26, o primeiro caso autóctone de sarampo, em Santos, litoral do Estado de São Paulo. A paciente, uma menina de 4 anos, apresentou a doença apesar de ser vacinada e mesmo sem ter contato direto com o surto detectado no navio MSC Seaview, em que 16 estrangeiros, um passageiro santista e uma servidora da própria Secretaria adquiriram sarampo. Segundo a pasta municipal, a doença foi detectada em amostras analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência do governo estadual.
A menina é moradora do bairro do Macuco e estuda na Escola Municipal de Educação Infantil Olívia Fernandes, no bairro Embaré. Ela começou a manifestar os sintomas clássicos da doença - febre, tosse, conjuntivite, coriza e manchas vermelhas - a partir do dia 26 de fevereiro. O caso foi notificado pela unidade de saúde particular em que a criança foi atendida. A paciente não precisou de internação hospitalar e ficou em isolamento social, sem ir à escola no período da transmissão.A criança não apresentou sequelas e passa bem.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Fábio Ferraz, ainda não se sabe como a paciente contraiu a doença. "O que a investigação apontou é que ela não teve contato com ninguém que estava no navio, nem mesmo com os dois moradores que contraíram a doença na embarcação, uma colega da Secretaria, que mora no bairro Pompeia, e o estudante de 21 anos, morador do Gonzaga. Isso nos levar a crer que, infelizmente, já há circulação do vírus na cidade."
No fim da tarde, a Secretaria informou que há outros casos suspeitos aguardando o resultado de exames.
Segundo Ferraz, no caso da menina, a investigação epidemiológica indicou os locais para a realização dos bloqueios com vacinação, seguindo os protocolos de vigilância. A partir da suspeita, foi feito o bloqueio seletivo das pessoas próximas, incluindo familiares. Com a confirmação do caso, foi realizado o bloqueio ampliado nos quarteirões do entorno da residência, que resultou na vacinação de 227 pessoas.
Outras 128 pessoas, entre alunos, professores e funcionários, foram vacinadas na escola municipal do Embaré.
A campanha contra o sarampo também foi ampliada na cidade. Além do público-alvo de 15 a 29 anos, as pessoas das demais faixas etárias podem reforçar a vacinação, independentemente do número de doses já tomado.
De acordo com o calendário do Ministério da Saúde, a primeira dose da vacina contra o sarampo é aplicada aos primeiros 12 meses e a segunda, de reforço, aos 15 meses. Dados da pasta municipal mostram que, neste ano, já foram aplicadas quase 60 mil doses de vacina em Santos, número 123% maior que em todo o ano passado. Do total, 38 mil se destinaram a jovens e adultos na faixa de 15 a 29 anos.
Branda
De acordo com o secretário, tanto a menina quanto os outros dois pacientes dos casos considerados "importados" já tinham sido vacinados contra o sarampo. "Nenhuma vacina tem 100% de eficácia. No caso da vacina do sarampo, a eficácia plena é de 95%. O que vemos de positivo nisso é que, tanto a criança, como o estudante e a nossa funcionária tiveram um sarampo bem leve. Acreditamos que a doença veio de forma muito branda porque eles estavam vacinados."
Em 2019, de 1º de janeiro a 26 de março, foram aplicadas 66.811 doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) em unidades de saúde de Santos, incluindo os bloqueios vacinais no Porto e nos bairros onde moram as pessoas que tiveram a doença. Em todo o ano passado, foram aplicadas 26.630 doses da vacina. Conforme o secretário, mais de 90% do público-alvo foram vacinados.
No Estado de São Paulo, foram registrados 21 casos de sarampo neste ano, mas nenhum óbito, segundo a pasta estadual. A vacinação é a única maneira de prevenir a doença. Conforme o calendário do Ministério da Saúde, a primeira dose da vacina (tríplice viral) deve ser aplicada aos 12 meses de idade a segunda (tetra viral) aos 15 meses, ou até que a pessoa tenha 29 anos. Quem tem dúvida se recebeu a vacina pode tomar a dose sem problema. Procurados, os familiares da menina que contraiu sarampo não quiseram se manifestar.