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Quais os sintomas do cálculo renal e como tratar doença que afetou Tarcísio de Freitas

Um em cada dez pessoas sofre com pedras nos rins, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia; entenda as opções de tratamento

28 mar 2023 - 14h30
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), interrompeu sua agenda de compromissos em Londres nesta segunda-feira, 27, após ser internado devido a uma crise renal. Ele será submetido a um procedimento para retirada de um cálculo renal na tarde desta terça, 28, em um hospital de Londres.

De acordo com informações da assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio, de 47 anos, passou a noite no hospital após ser atendido e está bem. "O secretário de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz, representa o governador nos encontros que estão programados para hoje em Londres e para esta quarta-feira em Madrid, na Espanha", diz trecho da nota enviada ao Estadão.

O cálculo renal - ou pedra no rim - é resultado do acúmulo de cristais existentes na urina e responsável pela formação de massas sólidas nos rins ou nas vias urinárias. A condição pode afetar a função renal e comprometer a filtragem do sangue.

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), uma em cada dez pessoas sofre com as pedras nos rins, ou seja, pode afetar 10% da população mundial. Há, ainda, um aumento de 30% nos casos durante o verão devido à baixa hidratação e aumento da transpiração.

"O cálculo renal está geralmente ligado ao componente genético e afeta aqueles que possuem histórico na família. Além disso, é mais frequente em homens e em quem mora em lugares quentes", afirma Osvaldo Merege Vieira Neto, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Entre os fatores de risco está também o consumo em excesso de proteína, que pode causar hiperfiltração nos rins pela abundância de ureia e fazer com que o rim necessite trabalhar mais para eliminar a substância. A longo prazo, a atividade pode causar problemas como inflamação nos rins e formação de cálculos renais.

Sintomas de pedra no rim

Os sinais mais comuns das pedras nos rins estão associados a dores intensas nas costas que irradiam para o abdome (cólica renal), além do aumento de frequência urinária, náuseas e vômitos.

Em alguns casos, o paciente pode apresentar sangue na urina e infecção urinária. A cólica renal, por sua vez, pode significar que o cálculo está obstruindo o trânsito da urina dos rins para a bexiga, gerando acúmulo do líquido no rim, aumento de pressão e causando dor intensa, segundo a SBU.

Os sintomas, no entanto, podem demorar para aparecer e, por isso, é recomendável consultar um nefrologista com certa frequência.

Causas

De acordo com o nefrologista Osvaldo Merege Vieira Neto, além da predisposição genética, o cálculo renal pode estar relacionado ao baixo consumo de líquidos, alta ingestão de proteínas e sódio, obesidade e sedentarismo.

"Pode ser que o paciente tenha excesso de excreção de cálcio ou de ácido úrico na urina e os cálculos renais sejam formados", afirma o médico.

As pedras nos rins também podem se formar a partir de doenças inflamatórias intestinais e uso de medicamentos e suplementos com alto teor de cálcio e vitamina C, principalmente em homens. Estudo publicado na revista American Journal of Kidney Diseases aponta que a ingestão de 1.000 mg/dia ou mais foi associada a um risco de 19% de aparecimento de pedras nos rins em homens.

Tratamento

De acordo com o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, o tratamento contra as pedras nos rins deve considerar a gravidade do caso. O tamanho do cálculo, contudo, pode influenciar em sua eliminação naturalmente. Há ainda a possibilidade de realizar tratamentos com uso de medicamento para estimular a expelição.

"A maioria dos cálculos pode ser eliminada sozinha. Cálculos maiores que 7 mm normalmente não cabem no canal chamado ureter, que fica entre o rim e a bexiga, e geralmente é necessário passar por um procedimento de retirada. Às vezes, o cálculo é menor que isso, mas se o paciente está sentindo muita dor e está tentando fazer tratamento clínico para eliminar e está demorando, é necessário passar por um procedimento de retirada", explica Vieira Neto.

Exames

A identificação e o diagnóstico do cálculo renal devem ser realizados por meio de exames de imagens, como raio-X, ultrassonografia ou tomografia.

As pedras consideradas pequenas chegam a até 5 milímetros, enquanto as médias não passam de 10 mm. Os grandes cálculos, porém, são considerados aqueles que possuem mais de 10 mm.

Métodos de procedimentos

Ao Estadão, o nefrologista Osvaldo Merege Vieira Neto listou três tipos de procedimentos comumente utilizados para tratar o problema.

  • Ureterorrenolitotripsia: técnica endoscópica que fragmenta o cálculo renal para retirá-lo. O procedimento é o mais utilizado no tratamento da condição;
  • Litotripsia extracorpórea: fragmenta a pedra por meio de vibrações geradas por um aparelho. O método pode ser aplicado em pacientes que possuem cálculo de até 20 mm;
  • Nefrolitotripsia percutânea: procedimento pouco invasivo em que um pequeno corte é realizado nas costas para possibilitar o acesso de um aparelho que fragmentará a pedra acima de 2 cm.

Segundo o médico, cirurgias que demandam cortes "são muito raras" e ocorrem em "último caso".

Como evitar o cálculo renal

  • Ingerir pelo menos 2 litros de água por dia (principalmente em dias quentes);
  • Evitar o consumo excessivo de sal;
  • Diminuir a ingestão de produtos industrializados;
  • Adequar o consumo de proteína animal;
  • Praticar atividades físicas regularmente.

Recuperação

A recuperação de pacientes submetidos aos procedimentos de retirada de cálculo renal varia de caso a caso, diz o nefrologista. "Na maioria das vezes, o cirurgião deixa um cateter no canal, que se chama Duplo J. Esse cateter fica no paciente entre 2 e 4 semanas e depois é retirado. Às vezes, o canal está muito inflamado e pode fechar. O cateter é colocado para mantê-lo aberto. Em alguns casos, não é necessário colocá-lo", explicou ele.

Alguns pacientes podem retornar às atividades normalmente cerca de dois dias após a operação.

Sobre o tipo de tratamento ao qual Tarcísio de Freitas seria submetido, o Estadão questionou o Palácio dos Bandeirantes, mas não havia obtido retorno até a publicação desta reportagem.

De acordo com o ex-presidente da SBN, após o procedimento, o governador de São Paulo não deve realizar exercícios físicos que demandem muito esforço até a recuperação total.

"Não há restrição em relação a alimentos após o procedimento, mas exercícios físicos só devem ser feitos após a recuperação total. Se ele estiver com cateter, é recomendado esperar a retirada. Caso deixe de apresentar sintomas, ele pode voltar a fazer exercícios depois de dois dias", explicou.

Estadão
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