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Qual é a melhor música para se concentrar no trabalho?

26 dez 2016 - 18h27
(atualizado em 27/12/2016 às 11h21)
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Muita gente diz que escutar música permite às pessoas trabalhar melhor.
Muita gente diz que escutar música permite às pessoas trabalhar melhor.
Foto: Thinkstock

O ambiente de trabalho pode ser estressante e maçante todos os dias, mas há algo muito simples que pode ajudar os funcionários a relaxar: ouvir música.

Elas costumam facilitar a comunicação entre os trabalhadores, fomentam a criatividade e criam um ambiente mais relaxado para as atividades do dia a dia.

A música ainda pode ajudar a concentração dos funcionários em escritórios muito barulhentos, com muita gente falando, telefones tocando, etc.

Mas será que ela ajuda mesmo? E que tipo de música é a melhor para escutar nesses casos?

Conflito

"A maioria das pessoas, ao menos em condições de escritório, realiza melhor suas funções quando fica em silêncio", explica à BBC Nick Perham, psicólogo da Universidade de Cardiff, no Reino Unido - ele é especialista no efeito que os sons têm em nossa habilidade cognitiva.

Mas a chave, esclarece, está na interação entre a tarefa a ser realizada e a natureza do som. Se o que temos que fazer requer "compreender um texto ou interpretar informação semântica, vários estudos mostram que se o som de fundo tem fragmentos que podemos entender, isso é pior do que se escutarmos música sem palavras".

O ambiente de trabalho pode ser barulhento e atrapalhar a concentração - mas uma música instrumental no ouvido pode resolver isso
O ambiente de trabalho pode ser barulhento e atrapalhar a concentração - mas uma música instrumental no ouvido pode resolver isso
Foto: BBC

Nesse caso, o que acontece é um conflito entre a informação semântica que estamos tentando interpretar e a informação semântica do som que estamos tentando ignorar.

Isso significa que em alguns casos, escutar música pode ajudar nosso poder de concentração, mas sempre quando a música for instrumental (sem letra) ou quando ela for de um idioma que não compreendemos.

"Escutar música instrumental é tão bom quanto trabalhar em silêncio", disse Perham.

' Som branco '

Daniel Levitin, autor do livro "Este é seu cérebro sob os efeitos da música", concorda com Perham. Quanto mais cativante é a música, pior é para a concentração, e se tem letra, afirma Levitin, ela complica muito as tarefas verbais.

No entanto, o "ruído" de fundo, nem sempre tem um efeito negativo. Se são mais de três vozes, os sons "se anulam uns aos outros e se tornam acusticamente menos variáveis".

"É uma espécie de ruído branco, um murmúrio e, nesse caso, nos distrai menos", afirma Perham.

Tarefas mecânicas

No entanto, se a tarefa a ser executada é mais mecânica, como pode ser no caso de um trabalhador que realizou a mesma função por horas, escutar música pode trazer benefícios.

"Estudos feitos em fábricas há anos identificaram que a música pode melhorar o estado de ânimo e a motivação dos operários, que acabam fazendo melhor seu trabalho", disse Perham.

Isso se aplica a tarefas que são mais físicas e que não exigem muita habilidade mental.

Curiosamente, também funciona em caso de cirurgias médicas, segundo estudos recentes. Mas não em todo o processo, explica Levitin, que dá como exemplo o trabalho de um cirurgião que faz operações no cérebro.

Estudos feitos em fábricas há anos identificaram que a música pode melhorar o estado de ânimo e a motivação dos operários, que acabam fazendo melhor seu trabalho
Estudos feitos em fábricas há anos identificaram que a música pode melhorar o estado de ânimo e a motivação dos operários, que acabam fazendo melhor seu trabalho
Foto: Greencorp

"Nesse caso, a situação é semelhante a de um caminhoneiro que dirige por longas distâncias. Se tudo está bem, a tarefa em si (perfurar o crânio) é, de alguma maneira, chata e repetitiva, e você acaba precisando de algo que te mantenha psicologicamente estimulado", disse o especialista.

A música, porém, deve parar uma vez que o médico começa a trabalhar diretamente no cérebro.

Outro fator a ser levado em conta é a personalidade de cada um.

"Há diferenças individuais e diferenças entre pessoas mais introvertidas e outras mais extrovertidas", explicou Perham.

"Os extrovertidos se sentem mais confortáveis em ambientes mais barulhentos, enquanto os introvertidos preferem o contrário."

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