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Redução do setor pediátrico em hospitais brasileiros coloca crianças em risco

Especialista afirma que o diagnóstico incorreto e o tratamento ineficaz são riscos na falta de pediatras

31 mai 2024 - 06h45
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Resumo
Há um crescimento do Vírus Sincicial, conhecido como VSR, que é responsável por desenvolver a bronquiolite e com isso aumenta o número de internações de crianças nas unidades de saúde de todo o país. O Brasil perdeu 18 mil leitos pediátricos nos últimos 17 anos, aumentando riscos para a saúde dos pequenos.
Redução do setor pediátrico em hospitais brasileiros coloca crianças em risco:

Hospitais infantis se encontram cada vez mais lotados, o crescimento de pacientes é um efeito do aumento do vírus respiratório chamado Sincicial, também conhecido como VSR, responsável por desenvolver a bronquiolite em crianças de até 2 anos. De acordo com o último boletim divulgado pela Fiocruz, o VSR é responsável por 58% dos casos de síndrome respiratória aguda grave, provocando a elevação do número de internações em unidades de saúde de todo o país. Além disso, os leitos do setor de pediatria para atendimentos de urgência e emergência são cada vez menores.

 A redução do setor de pediatria não é uma crise recente. De acordo com os dados divulgados pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), sistema do Ministério da Saúde, o Brasil perdeu mais de 18 mil leitos pediátricos nos últimos 17 anos, refletindo na redução de 25,6% nas vagas hospitalares para crianças entre 2005 e 2022. O levantamento também concluiu que a maioria dos leitos fechados estava no sistema público de saúde. 

Para Marcelle Bonomo, médica pediatra e coordenadora do curso Pediatria na Prática do Grupo Conaes Brasil, a ausência de departamentos especializados em pediatria nos hospitais não é uma simples questão de espaço ou recursos, é uma questão de especialização e infraestrutura. 

"A falta de especialistas pediátricos é um problema grave, principalmente porque a pediatria requer equipamentos e espaços que atendam às necessidades específicas das crianças, algo que nem todos os hospitais conseguem fornecer", explica.

Diminuição da qualidade do atendimento 

A pediatra explica que a falta desses setores especializados não apenas diminui a qualidade do atendimento infantil, mas também leva à superlotação dos poucos serviços de emergência pediátrica disponíveis. Isso resulta em menor acessibilidade aos cuidados de saúde infantil e na contratação de médicos que não são especializados em pediatria, aumentando o risco de falhas no tratamento e falta de continuidade nos cuidados de puericultura e subespecialidades. 

Em abril último, Moreno Moreira Nascimento, de apenas 2 anos, morreu em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, pela falta do atendimento feito por especialistas. A família do pequeno afirmou que a unidade não tinha equipamento de raio-X, com isso, após cinco visitas ao posto, médicos concluíram que a pneumonia bacteriana, apontada no laudo médico, era apenas uma virose ou um resfriado.

Marcelle destaca que o tratamento realizado em crianças é intrinsecamente diferente do que tratar adultos. Isso porque o processo começa com uma percepção aguçada e uma análise cuidadosa da história clínica e do exame físico. 

"A chave para o cuidado infantil é a observação e a abordagem individualizada, o que demanda um conjunto de habilidades e conhecimentos específicos. Sem esse cuidado, há grandes chances de haver diagnósticos incorretos", diz a pediatra.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. 

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