Remédios para insônia têm efeitos colaterais, e devem ser usados com prescrição e acompanhamento
Assessoria do ator Sidney Sampaio, que caiu da varanda de um hotel, afirmou que acidente ocorreu devido aos efeitos de uma medicação para insônia
Na manhã de sexta-feira, 4, o ator Sidney Sampaio caiu do primeiro andar de um hotel em Copacabana (RJ), e foi internado, mas já recebeu alta. Em nota, Claudia Melo, sua assessora, afirmou que ele sofreu de efeitos colaterais causados por uma medicação para insônia. A ex-mulher do ator, a psicóloga Juliana Gama, também se pronunciou sobre o caso, contando que Sampaio "tomou medicação para dormir sem orientação médica".
Segundo o psiquiatra Alaor Carlos de Oliveira Neto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, esse tipo de remédio não deve ser utilizado sem prescrição e orientação médica. "São medicamentos que mexem no sistema nervoso central (SNC) e, por isso, têm potencial para interferir no funcionamento da mente", resume. Fora isso, quem não tem apoio de um especialista não conhece a maneira ideal de tomar, a concentração adequada para o seu caso nem tem conhecimento sobre prováveis efeitos colaterais e a possibilidade de interação com outras substâncias.
No caso dos hipnóticos, classe que inclui os remédios para insônia, uma característica comum, segundo o médico, é a tolerância. "O efeito passa a não ser tão forte como na primeira vez. E isso vai culminando em uma ingestão cada vez maior, e em impactos que vão além do sono", afirma.
Não se sabe exatamente o que Sidney Sampaio ingeriu, mas o médico comenta que, hoje, no Brasil, está acontecendo uma epidemia de zolpidem, um medicamento que pode ser encontrado em doses mais baixas e cuja venda depende de uma receita considerada mais simples. Segundo ele, o zolpidem é indicado por um período específico e para organização do ritmo circadiano. Mas o consumo crônico seguido de tolerância faz com que haja abuso.
No início, a droga causa relaxamento, sensação de bem-estar, mas também está associada ao risco de convulsão e alterações nos níveis de consciência. "Isso acaba contribuindo para comportamentos que, depois, o indivíduo não se lembra. É como uma espécie de sonambulismo", compara Oliveira Neto. Os efeitos, acrescenta o psiquiatra, lembram os causados pelo abuso de álcool.
Há diversos relatos nas redes sociais sobre os efeitos do zolpidem, e muitos deles acabam "enaltecendo" situações de alteração comportamental. Mas o especialista reforça que há riscos sérios ligados à utilização inadequada do remédio. Ele já viu, por exemplo, casos de quedas, fraturas e acidentes automobilísticos.
Insônia precisa ser investigada
Oliveira Neto destaca que, antes de buscar uma solução para noites em claro, é fundamental entender as causas do problema - inclusive porque ele pode ser crônico, pontual ou secundário a algo. "A insônia é uma síndrome, e há várias possíveis origens", alerta.
"E para 95% dos casos, o padrão ouro de tratamento é a terapia cognitivo comportamental específica para sono", diz. "A maioria dos casos não depende do uso de remédio."
Se houver a necessidade de medicamentos, é preciso contar com o acompanhamento de um especialista, já que há orientações importantes para que a substância alcance o resultado desejado e esperado. O paciente não pode, por exemplo, tomar e depois dirigir. "É um remédio que muda seu nível de atenção", destaca.