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Robô realiza a primeira cirurgia intraocular para restaurar visão

9 set 2016 - 19h08
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O aparelho introduz uma agulha no olho, operada por um joystick
O aparelho introduz uma agulha no olho, operada por um joystick
Foto: BBC / BBC News Brasil

Cirurgiões usaram pela primeira vez um robô em uma operação dentro de um globo ocular, para recuperar a visão de um paciente.

Os médicos do Hospital John Radcliffe, em Oxford, na Inglaterra, esperam que o procedimento abra caminho para cirurgias oculares mais complexas do que atualmente é possível com as mãos humanas.

Cirurgias com robôs são frequentes, mas não haviam sido usadas em operações dentro do olho.

"Operar na região da parte de trás dos olhos requer muita precisão, e o desafio foi criar um sistema robótico que fizesse isso através de um orifício minúsculo na parede ocular sem causar danos enquanto se move", disse o professor Robert MacLaren, da Universidade de Oxford, que liderou a pesquisa.

A BBC teve acesso exclusivo ao procedimento.

O paciente, Bill Beaver, de 70 anos, disse que se sentiu em "um conto de fadas".

"Tenho tanta sorte de ser o primeiro a passar por isso", afirmou.

O robô

O robô é controlado por um joystick
O robô é controlado por um joystick
Foto: BART VAN OVERBEEKE FOTOGRAFIE / BBC News Brasil

O robô cirúrgico Preceyes foi desenvolvido por uma empresa holandesa, braço da Universidade de Tecnologia Eindhoven.

O cirurgião usa um joystick e uma tela sensível para guiar uma agulha dentro do olho, enquanto monitora o progresso através de um microscópio.

O robô, que funciona como uma mão mecânica, tem sete motores e é capaz de eliminar os tremores comuns da mão de um cirurgião humano.

Grandes movimentos no joystick resultam em pequenos movimentos no robô, e quando o cirurgião solta o aparelho, o movimento é congelado.

O paciente

O paciente Bill Beaver disse que a cirurgia parecia 'um conto de fadas'
O paciente Bill Beaver disse que a cirurgia parecia 'um conto de fadas'
Foto: BBC / BBC News Brasil

Bill Beaver era pároco oficial de uma comunidade na Inglaterra até ano passado. Em julho, um oftalmologista identificou uma membrana crescendo na parte de trás do seu olho direito. A pressão criou um furo na sua retina, algo que começou a prejudicar sua visão central.

"Quando seguro um livro, tudo o que vejo é um amontoado no centro, e minha visão naquele olho é restrita à parte mais periférica", disse ele antes da cirurgia, realizada no fim de agosto.

"Normalmente quando fazemos essa operação de forma manual, nós tocamos a retina e sempre há hemorragia. Mas, com o uso do robô a membrana foi retirada de forma limpa", disse MacLaren.

Como resultado, a visão central de Beaver foi restaurada.

Por conta de ma bolha de gás nos olhos, ele enxerga melhor de perto, mas a visão a uma distância normal vai voltar em alguns meses.

"A degeneração da minha visão foi assustadora e eu fiquei com medo de perdê-la completamente. O fato de a cirurgia ter acontecido sem percalços é realmente algo divino", disse Beaver.

Doze outros pacientes irão passar por procedimentos com o mesmo robô, em um teste financiado pelo Centro de Pesquisas Biomédicas NIHR Oxford.

Outra parte do financiamento vem da Zizoz, uma ONG holandesa que apoia de pacientes que sofrem de coroidermia - uma espécie de cegueira genética que deve ser o próximo alvo de tratamento com o robô.

Outro nível

Os testes são desenvolvidos como uma espécie de prova de conceito, ou seja, para estabelecer se o robô consegue fazer o que um cirurgião faz, porém com mais precisão.

Mas o objetivo principal é levar a cirurgia robótica a outro nível.

"Não há dúvidas de que presenciamos uma cirurgia ocular do futuro. Certamente podemos melhorar as operações atuais, mas esperamos que o robô nos permita realizar cirurgias ainda mais complexas, que são impossíveis com as mãos humanas", disse MacLaren.

Oxford é apenas um dos centros ao redor do mundo que estão testando a terapia genética na retina - um novo tratamento para evitar a cegueira.

Atualmente esse procedimento é feito à mão, mas intervenções futuras envolvendo injeções de células-tronco requerem que as células sejam infiltradas nos olhos lentamente. O robô pode permitir que os cirurgiões injetem as células na retina por um período de dez minutos, algo que não seria possível com as mãos.

A empresa holandesa responsável pelo desenvolvimento do robô acredita que a tecnologia poderá ser usada fora das salas de cirurgia.

"No futuro, vemos esse aparelho sendo usado como em um escritório, onde somente o robô encoste no olho e tudo seja automatizado, o que melhoraria a eficiência e reduziria os custos", disse Maarten Beelen, da Preceyes.

O sistema robótico é um protótipo e a empresa ainda não revelou quanto ele custará.

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