Sabia que beber água excessivamente pode até matar? Entenda a hiponatremia
Brooke Shields foi afetada pela condição; protagonista de 'A Lagoa Azul' sofreu convulsão após ingerir grande quantidade do líquido
Tudo em excesso faz mal. Até mesmo água. A atriz estadunidense Brooke Shields experimentou isso na pele após sofrer uma convulsão decorrente da grande ingestão do líquido.
A intérprete de Emmeline Lestrange no filme "A Lagoa Azul" (1980) não detalhou quanto de água bebeu em determinado intervalo de tempo, mas é sabido que a quantidade média indicada para um adulto considera fatores como idade, peso, sexo, nível de atividade física, clima e até doenças pré-existentes. Em geral, muitos nutricionistas também sugerem o cálculo básico de multiplicar o peso da pessoa por 35 ml.
Já recuperada, Brooke relatou o episódio em uma entrevista concedida à revista Glamour. Segundo ela, o mal estar aconteceu em setembro, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. A artista começou a perder a consciência e viu “tudo ficar preto”.
“Isso significa espumar pela boca, totalmente azul, tentando engolir minha língua”, descreveu.
Tratava-se de um quadro de hiponatremia, condição provocada pela redução na concentração de sódio no sangue. “As células cerebrais têm uma membrana semipermeável que regula o movimento de íons e outras substâncias”, explica o neurocirurgião Felipe Mendes em entrevista ao Terra.
“Quando há uma diminuição significativa na concentração de sódio no sangue devido ao excesso de água, mais água entra nas células, causando um inchaço celular. Esse inchaço pode elevar a pressão dentro do crânio, causando sintomas neurológicos, como dores de cabeça, sonolência e, até mesmo, convulsões”, acrescenta o médico, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Foi exatamente isso o que aconteceu com a atriz. Brooke disse que sentiu suas mãos caírem para o lado do corpo e bateu a cabeça na parede. Ela foi socorrida por uma ambulância.
Os riscos da hiponatremia
Como destaca Mendes, diversos problemas podem desencadear quadros de hiponatremia, a exemplo da utilização de algumas classes de medicamentos e da ingestão excessiva de água. Outros sintomas associados à condição são:
- náuseas;
- vômitos;
- irritabilidade;
- alterações de humor;
- além de complicações neurológicas, como dor de cabeça e confusão mental.
Em fases avançadas, o paciente pode sofrer danos cerebrais causados pela pressão intracraniana aumentada, ter fraqueza muscular e dificuldades respiratórias. Quadros extremos podem ainda levar à morte.
Tratamento para hiponatremia
O neurocirurgião alerta que quanto mais grave a hiponatremia, o atendimento precisa ser feito em ambiente hospitalar, com supervisão direta de uma equipe médica.
"A correção para valores normais deve ser feita de forma lenta, já que a correção intempestiva e rápida pode levar a graves problemas neurológicos. O tratamento geralmente envolve restrições de líquidos, ajustes de dieta, reposição com soro e suspensão de medicamentos que podem causar a hiponatremia".
De acordo com o médico, na maioria dos casos, os pacientes se recuperam sem sequelas e voltam a ingerir água normalmente. Nas situações graves, é possível que fiquem sequelas permanentes, como déficits cognitivos, alterações de memória e de personalidade, dificuldade de aprendizado, alterações de marcha e problemas de coordenação.