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Saída de médicos cubanos faz postos reduzirem atendimento

Estrangeiros começam a voltar hoje para Havana; só na Grande SP, pelo menos sete cidades já tiveram perda de profissionais

22 nov 2018 - 03h11
(atualizado às 08h13)
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SÃO PAULO - Apenas uma semana depois de Cuba anunciar a saída do programa federal Mais Médicos, postos de saúde de várias regiões do País já começaram a ter consultas canceladas e interrupções de atendimento. A mudança se deve à perda dos profissionais estrangeiros, que começam hoje a embarcar de volta a Havana.

Com a saída acelerada dos estrangeiros, as prefeituras prejudicadas têm buscado estratégias para minimizar os problemas, como oferecer horas extras a médicos brasileiros ou fazer contratações emergenciais.

Na região metropolitana de São Paulo, pelo menos sete dos 39 municípios relataram ao Estado que os cubanos já deixaram os postos de trabalho: Guarulhos, Osasco, Santo André, Itapevi, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu e Embu das Artes. Segundo o Ministério da Saúde, 411 cubanos atuavam nessa região, em 26 municípios.

Médica cubana atende paciente em casa na cidade baiana de Itiúba, em 2013
Médica cubana atende paciente em casa na cidade baiana de Itiúba, em 2013
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Em Guarulhos, segunda maior cidade do Estado, a estimativa é que, com a saída de 28 médicos, 2,5 mil consultas deixem de ser feitas por semana. Até a reposição, as unidades foram orientadas a analisar cada caso, priorizar gestantes e demais grupos de risco, para remanejá-los nas agendas dos demais médicos. A prefeitura também disse que abrirá contratação emergencial.

Embu das Artes, que perdeu 20 cubanos, também anunciou seleção de emergência. Em Itapecerica da Serra, parte das 3 mil consultas semanais antes realizadas por 19 cubanos será repassada para outros profissionais. A mesma estratégia foi adotada pelas prefeituras de Osasco e Itapevi.

Dos 19 médicos que formavam a atenção básica de Embu-Guaçu, 16 eram cubanos, o que torna inviável o remanejamento de todos os pacientes para os três profissionais restantes. "Já realizamos dois concursos neste ano e, para a especialidade de médico da família, não tivemos nenhum candidato", diz Maria Dalva Amim dos Santos, secretária de Saúde da cidade. "(Os cubanos) tiveram de interromper o atendimento abruptamente porque foram avisados que os voos já eram esta semana."

Segundo a Organização Panamericana de Saúde (Opas), voos fretados da Companhia Cubana de Aviación começam a sair hoje de São Paulo, Brasília, Manaus e Salvador para Cuba.

Filas e despedida

No interior paulista, também houve transtornos. Em Campinas, unidades de saúde tiveram filas e indignação de moradores com dificuldades para ser atendidos ou marcar consultas. No posto do Jardim Rossin, um cartaz foi afixado avisando sobre a interrupção dos agendamentos. A cidade tinha 46 cubanos.

Em Hortolândia, a saída dos profissionais paralisou o atendimento médico em quatro unidades básicas de saúde. Araçatuba, que ficou sem 23 profissionais, ofereceu hora extra aos médicos brasileiros. Os estrangeiros tiveram cerimônias de despedida. Em Bauru, os dez cubanos foram homenageados pelo prefeito nesta terça-feira, 20.

Em Viamão e Gravataí, na Grande Porto Alegre, os cubanos começaram a deixar os postos nesta terça. "Fomos pegos de surpresa. Não estávamos esperando uma saída tão rápida. Tínhamos a informação de que parte dos médicos deixaria o País em 25 novembro e outra, em 25 de dezembro", diz o secretário de Saúde de Viamão, Luís Augusto de Carvalho. Ele estima que 2 mil pessoas deixarão de ser atendidas mensalmente. Já o impacto financeiro, no caso de contratação emergencial, será de R$ 320 mil mensais aos cofres públicos.

O cubano Orelvi Lopes, de 46 anos, lamentou deixar Viamão, onde atuou por mais de quatro anos. Mas, por ter casado no Brasil, pretende ficar no País. "Vou seguir buscando trabalho aqui. Sou formado em Medicina há 21 anos." Já a prefeitura de Gravataí, para driblar o déficit, convocou sete aprovados no último concurso público para preencher as vagas abertas.

Já Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, região mais pobre de Minas, perdeu quatro médicos. A geografia local dificulta a redistribuição do trabalho entre os que ficaram. "São longos percursos em estrada de terra para chegar aos distritos que ficaram descobertos", diz Ana Maria Alves, coordenadora de atenção básica da cidade, que busca substitutos para contratação. "Ninguém quer trabalhar nesta região." /FABIANA CAMBRICOLI, LEONARDO AUGUSTO, LUCIANO NAGEL E RENE MOREIRA

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