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Santa Casa de SP teme falta de UTI para casos de coronavírus

'É olhar para o que aconteceu com a China, Itália e EUA para não ter dúvida de que vamos enfrentar um momento extremamente complicado na saúde pública brasileira', avalia provedor da instituição

2 abr 2020 - 06h11
(atualizado às 07h36)
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Desde que a covid-19 saiu da China, no início do ano, Santa Casa de Misericórdia de São Paulo a monitora a disseminação da doença. Por ser um hospital de "portas abertas", ou seja, sem a necessidade de que o paciente passe em outra unidade de saúde antes, a preocupação de haver uma verdadeira corrida em busca de atendimento pelo novo coronavírus só crescia, como conta o provedor da Santa Casa, Antonio Penteado Mendonça.
Foto: IstoÉ

"Desde quando esta epidemia se espalhou pelo mundo saindo da China, nós estabelecemos contato com as secretarias de saúde do Estado e município de São Paulo porque somos um dos principais hospitais de atendimento do SUS na região metropolitana. Quem entra na Santa Casa é atendido. Ao contrário do que acontece no Hospital das Clínicas, onde a pessoa antes de entrar no pronto-socorro, a não ser que seja acidente, tem que passar em uma unidade de atendimento de saúde específica para determinar se é caso de internação, para nós não tem isso. A pessoa chega e entra", explica.

Quando a covid-19 chegou ao Brasil, a Santa Casa imediatamente destinou 10 vagas de UTI especialmente para pacientes com a doença. "Nós montamos tendas para atender esse pessoal. Mas os casos que têm nos procurado são graves e estão demandando UTI. Este é um quadro muito sério. E nós não temos no País inteiro um número grande de UTIs quanto a pandemia pode vir a exigir da população", avalia.

Neste momento, a instituição tem um projeto para mais 80 leitos de UTI no hospital de Santa Cecília (centro de São Paulo) e um projeto, se precisar complementar, para mais 150 UTIs específicas para o combate ao novo coronavírus tanto na unidade central quanto no hospital Santa Isabel.

Além disso, a Santa Casa tem uma parceria com a prefeitura de São Paulo, na zona Norte, no bairro do Jaçanã. Lá, no Hospital São Luiz Gonzaga, mais 100 leitos foram disponibilizados para os pacientes com coronavírus e até 150 leitos no Hospital Dom Pedro Segundo, na mesma região.

Hoje, a Santa Casa tem capacidade para pouco mais de mil leitos para qualquer tipo de internação. Apesar de se prepararem antecipadamente, a velocidade com que a doença está se disseminando no Brasil chama atenção de Antonio Penteado Mendonça, provedor da instituição há três anos.

"No fim da semana passada, nós tínhamos duas pessoas internadas na UTI da Santa Casa pelo coronavírus. Hoje, nós já temos perto de 20. E, no Hospital Santa Isabel, nós tínhamos cinco pacientes. Hoje estamos perto de 11. É um avanço muito rápido em relação ao que vinha acontecendo", contabiliza.

Nesta terça-feira, 31, o Banco Safra doou R$ 650 mil para a compra de aventais para os profissionais de saúde do local. Apesar disso, a Santa Casa ainda precisa de recursos para ampliar o atendimento. "A epidemia é, sem dúvida nenhuma, extremamente séria. É olhar para o que aconteceu com a China, a Itália, a Espanha e, principalmente com os Estados Unidos, para não ter nenhuma dúvida que nós vamos enfrentar um momento extremamente complicado na saúde pública brasileira", prevê Antonio Penteado Mendonça.

Ele agradeceu o empenho dos sete mil profissionais de saúde que atuam na Santa Casa, os grandes empresários que estão fazendo doações e, sobretudo, a sociedade. "Tem muita gente grande colaborando, mas o principal é que a população está intensamente colaborando, de forma extremamente solidária, dentro de sua capacidade".

Estadão
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