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Saúde assina acordo para comprar 20 milhões de doses de vacina indiana, ainda sem registro da Anvisa

Aplicação no Brasil depende de aval da agência reguladora; governo faz acordo de R$ 1,6 bi após pressão de gestores e lobby pelo imunizante

25 fev 2021 - 21h23
(atualizado às 21h32)
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O Ministério da Saúde informou que assinou contrato, nesta quinta-feira, 25, com a Precisa Medicamentos/ Bharat Biotech para a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, da Índia. O imunizante ainda não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nem teve os dados de eficácia divulgados.

Os primeiros 8 milhões de doses deverão chegar ao Brasil em março, segundo o governo. No mês seguinte, mais 8 milhões e, em maio, outros 4 milhões O contrato é de R$ 1,614 bilhão. Para aplicação no País, é preciso ter o aval do órgão regulador.

Vacina Covaxin é produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech; no Brasil, a representante é a Precisa Medicamentos
Vacina Covaxin é produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech; no Brasil, a representante é a Precisa Medicamentos
Foto: Divulgação/Bharat Biotech / Estadão

O ministério do general Eduardo Pazuello planeja ter metade da população brasileira vacinada até julho, mas o percentual da população vacinada, até esta quinta, é de 2,99%. Com mais de 250 mil mortos pela covid-19, ritmo lento da imunização é alvo frequente de críticas de governadores, prefeitos e especialistas.

A assinatura do contrato é resultado de forte pressão e lobby para que o governo facilitasse a compra das vacinas Covaxin e da Sputnik V, da Rússia. No último sábado, o Ministério da Saúde publicou a dispensa de licitação para a compra dos dois imunizantes, que ainda não têm uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A gestão de Jair Bolsonaro tenta reduzir a dependência da Coronavac para a campanha de vacinação, pois o imunizante de origem chinesa é associado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político do presidente.

A Precisa tem como sócia a Global, uma firma que deve cerca de R$ 20 milhões ao Ministério da Saúde por medicamentos não entregues de uma compra feita pela pasta em 2017, durante a gestão do atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Em uma ação de improbidade, o Ministério Público Federal no DF afirma que Barros pressionou funcionários da pasta para favorecer esta empresa em contratos. O deputado nega.

A empresa Precisa também é investigada pelo Ministério Público no Distrito Federal, que apura possível fraude na venda de testes rápidos para covid-19 ao governo local. De acordo com o MP, a empresa foi declarada vencedora da concorrência mesmo apresentando proposta fora do prazo. A denúncia contra a cúpula da Secretaria de Saúde do governo de Ibaneis Rocha (MDB) aponta que a firma foi beneficiada em contrato de cerca de R$ 21 milhões.

Estadão
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