Bater a porta e queijadinha: como arrancar dente de leite
Alguns métodos foram traumáticos, outros eficientes, veja algumas histórias e o que diz a especialista
Muita gente nem se lembra como perdeu o primeiro dente de leite, já para outras pessoas, a experiência é impossível de esquecer. É o caso do publicitário Ralph Mendes Veiga, 32, que tem um pai criativo com uma tática infalível. “Meu pai amarrava um fio dental no dente e prendia a outra ponta no meu dedo e falava para eu ir brincar. Em 30 segundos esquecia que qualquer movimento mais brusco seria fatal, mas nem dava tempo de doer”, conta.
Lúdica também foi a experiência da jornalista Clara Cabrera, 30. “Minha mãe me levou para andar de balão e eu estava muito empolgada. Já enrolava com aquele dente mole, pendurado só por uma pontinha, por dias, mas sem coragem de arrancar. Na fila, enquanto esperávamos, minha mãe comprou queijadinha e falou para eu dar uma mordida. O dente caiu na hora. O pior de tudo foi a queijadinha, detesto coco”.
Já a médica, Rosana Fernandez, 60, também não tem boas lembranças. “Eu era superpequena, minha mãe me deu dinheiro e disse: mande a dentista arrancar seu dente. Lá fui eu sozinha, cheia de medo de doer”.
Quem também sofreu com o medo, mas conseguiu tirar proveito da situação foi a gerente financeira Ana Carolina Caetano, 31. “Fazia um tempão que eu estava com o dente mole e não deixava ninguém arrancar, e minha vó dizia que podia endurecer de novo. Um dia eu inventei que queria uma boneca e minha mãe disse que, se eu deixasse arrancar, ela me dava. Aí minha vó falou que com a linha não doía, então deixei, ela amarrou a linha no dente e puxou. Mas lembro que doeu porque teve que puxar três vezes, foi uma sessão de tortura, mas ganhei uma boneca”, lembra.
A publicitária Tayna Palmieri, 25, superava o medo pelo interesse no dinheiro que ganhava depois que deixava arrancar. “Eu nem tinha medo porque sabia que ia ganhar a grana depois, então deixava. Minha mãe usava o método de prender um fio no dente e outro na maçaneta e batia a porta para arrancar rápido e sem dor, teoricamente. Mas doía muito”, lembra.
Segundo dentista Rosana Possobon, coordenadora do Centro de Pacientes Especiais, da Faculdade de Odontologia da Unicamp, antes de se aventurar em arrancar o dentinho do filho, os pais têm que estar certos de que está bem molinho, ou seja, não tem mais raiz - que já foi totalmente reabsorvida para que o permanente possa nascer. "Então, se a criança colabora, pode-se usar um tecido (tipo fralda) para pegar o dente com os dedos. Ou mesmo amarrar um fio dental e puxar. O importante é que este momento seja lúdico e divertido pra criança", diz.