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Dentista das antigas: Tiradentes implantava dentes com arame

Famoso por fazer extrações com alicate e implantes com arame, Joaquim José da Silva Xavier também usava plantas para tratar dentes

21 abr 2015 - 08h00
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Em 21 de abril, é o dia de Tiradentes. Mas, embora tenha ganhado notoriedade na história do País como um importante soldado que participou da Inconfidência Mineira e foi enforcado por lutar pela independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier também se destacou como dentista em uma época que exercer essa função não era fácil. 

Tiradentes ganhou gosto por cuidar da boca das pessoas porque, órfão muito cedo, foi criado por seu padrinho que era dentista e lhe ensinou o ofício. Aliás, seus parentes tiveram grande influência na forma como ele levava sua profissão. “Tiradentes fazia uso de plantas no tratamento dentário. Isso porque ele era primo de primeiro grau de José Mariano da Conceição Velloso, importante botânico da época que estudava a flora fluminense”, diz Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência de Ouro Preto. 

Segundo Mourão, a extração dental era a prática mais comum daquela época. No museu é possível encontrar um boticão (instrumentos antigo cirúrgico) igual ao que Tiradentes usava para extrair os dentes de seus pacientes. “A Sociedade Brasileira de Odontologia o considera o exemplar mais antigo que existe”, diz o diretor. 

No entanto, essas extrações, se comparadas com as técnicas de hoje, eram amadoras e até feitas com alguns requintes de tortura. “Isso porque não havia exames para identificar os problemas e tudo era resolvido com a extração do elemento causador do problema, sem anestesia e às vezes até com as próprias mãos”, diz Paulo Bueno, diretor e curador há 11 anos do IMOSP (Instituto Museu e Biblioteca de Odontologia de São Paulo).

O boticão era o instrumento usado na época para fazer extrações dentárias
O boticão era o instrumento usado na época para fazer extrações dentárias
Foto: Museu da Inconfidência - Ouro Preto/MG / Divulgação

Origem do nome Tiradentes

No século XVII, não havia no Brasil uma lei que regulamentasse a prática da Odontologia. Por isso, eram os barbeiros que costumavam fazer esse trabalho. “Os médicos não queriam colocar as mãos na boca das pessoas. Aí acabou sobrando para os barbeiros se aventurarem nesse ramo, uma vez que eles já eram conhecidos por cuidar da cabeça cortando a barba e cabelo”, diz Paulo.

Só que a partir de 1631, a Coroa Portuguesa passou a multar as pessoas que tiravam os dentes sem licença, obrigando quem quisesse exercer essa função a passar por uma avaliação com um especialista chamado “cirurgião-mor”.

Foi aí que surgiram os “tira-dentes”. Joaquim José da Silva Xavier destacou-se entre os demais por saber tirar e colocar os dentes, além das suas habilidades protéicas.  “Tiradentes fabricava dentes com ossos de animais e os implantava de uma forma bem mais simples do que as atuais. O dente que seria colocado na boca era preso aos próximos com arame”, diz Rui. 

Apesar de exercer a profissão de dentista tão bem, Tiradentes morreu antes que ela fosse oficialmente denominada dessa forma. Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado e esquartejado em 1792, mas só há registros escritos da palavra dentista, como denominação de profissionais legalizados que cuidavam dos dentes, a partir de 1800.

Fonte: Terra
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