Entenda como bactérias da boca podem chegar ao coração
Sem o devido cuidado, muitas infecções e problemas bucais podem se transformar em doenças sérias do coração e do corpo
16 out2014 - 08h00
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A boca é uma verdadeira colônia de bactérias, que se fixam na superfície dos dentes, nas próteses ou na própria mucosa, formando o biofilme. Esses micro-organismos, se acumulados, podem causar doenças locais, como a cárie, a gengivite e a periodontite, mas também podem desencadear problemas em outras partes do corpo.
Depois de uma cirurgia na boca, uma limpeza de tártaro ou ainda se uma pessoa ignora uma infecção, pode acorrer a bacteremia transitória. Isso acontece quando as bactérias acham uma saída na boca para entrar na corrente sanguínea, com acesso a todo o corpo. “A presença de bactérias na corrente sanguínea pode causar problemas graves quando atinge o coração, como a endocardite bacteriana”, diz Alessandro Silva, cirurgião buco maxilo facial e diretor da clínica Interclin.
Essa doença é uma infecção causada por bactérias, que ocorre nas válvulas cardíacas ou nos tecidos do coração, e pode ser mais grave se o paciente tiver próteses cardíacas ou alguma má-formação do coração. Segundo um estudo feito pela Universidade Federal do Piauí, o índice que mortalidade da endocardite é de 21% em pacientes com má-formação cardíaca e de 50% em pacientes com próteses.
O SUS gasta, anualmente, R$ 488 milhões com o tratamento de doenças associadas à obesidade, como diabetes, doenças do coração e alguns tipos de câncer
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Segundo um estudo da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA), acompanhou 37 mil homens por 16 anos e percebeu que a obesidade estava associada a um aumento de 29% dos casos de problemas inflamatórios bucais
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O cirurgião-dentista Afonso Luís Puig Pereira, do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein, explica que o tecido adiposo funciona como um reservatório de substâncias que podem aumentar processos inflamatórios
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consumo excessivo de açúcar contribui para a morte de 35 milhões de pessoas por ano no mundo, o que equivale mais ou menos à população do Canadá. Problema sério para o Brasil, uma vez que 56% dos bebês tomam refrigerante antes do primeiro ano de vida
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33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam, e, pela primeira vez na história, apresentam sintomas de doenças de adultos, como problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2
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Manter um peso corporal adequado à altura evita uma resposta inflamatória exacerbada em um quadro de doença gengival em curso. Adicionalmente, ao emagrecer a pessoa terá uma probabilidade menor de desenvolver outras doenças como Diabetes tipo 2, cardiopatias, hipertensão arterial, dislipidemia
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Outros problemas pelo corpo
Para piorar, essas bactérias bucais podem causar outras infecções tão ruins quanto a endocardite. “E aí elas acabam sendo muito mais difíceis de serem tratadas, pois não estão em seu ambiente natural e, por isso, não há inimigos naturais para auxiliar no combate”, diz Alessandro.
Pneumonia a artrite reumática são algumas das doenças que as bactérias da boca, uma vez na corrente sanguínea, podem causar. No caso da pneumonia esses micro-organismos levam a infecção para os pulmões, já na artrite, eles inflamam as articulações.
Prevenção e o papel do dentista
O papel do cirurgião-dentista é fundamental quando se trata de prevenir que as bactérias da boca circulem pelo corpo. Ensinar como fazer uma higienização bucal correta e frequente (com a utilização de fio dental e raspadores de língua) é o primeiro passo, tanto para prevenir infecções, quanto para evitar intervenções cirúrgicas. “O cirurgião-dentista também deve ser devidamente treinado para diagnosticar os pacientes que possuem fatores de risco e tratá-los com mais cautela”, diz Alessandro.
Moléculas presentes no hálito podem indicar insuficiência cardíaca, câncer no estômago, além de problemas bucais como gengivite
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Estudos do exame que detecta câncer de estômago pelo hálito mostraram 90% de precisão no diagnóstico e na diferenciação do câncer de outros problemas estomacais, como úlceras
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Hoje, os métodos de diagnóstico são baseados em endoscopia, um exame evasivo que precisa de biópsia, o que dificulta a descoberta precoce da doença. Com este exame acessível do sopro, é possível detectar a doença em estágios iniciais, casos em que a cura pode chegar a 95%
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Outro estudo foi realizado pelo Instituto do Coração (InCor) em parceria com o Instituto de Química da USP para detectar insuficiência cardíaca pelo hálito. Cerca de 10% dos pacientes que atingem esse nível da doença necessitam de transplante e aproximadamente 50% correm o risco de morrer, explica o coordenador clínico de transplante do InCor, Fernando Cabal.
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Queremos evoluir o equipamento para que o resultado saia na hora, como acontece com o bafômetro usado para detectar álcool no hálito, diz. O especialista destaca, ainda, o papel importante do dentista que, muitas vezes, são os primeiros a examinar esses pacientes que procuram tratamento para halitose.
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