“Já perdi cinco dentes por causa do bruxismo”, diz vendedora
Com a intensidade do distúrbio aumentando, Sophia viu seus dentes quebrarem, sua cabeça doer cada vez mais e seu maxilar travar antes de escovar os dentes
Sophia Almeida Rodrigues, vendedora de 39 anos, nem se lembra mais há quanto tempo sofre com o bruxismo. “Acho que já tem mais de dez anos, não tenho certeza”, diz. O bruxismo é um distúrbio que se caracteriza pelo ranger ou apertar dos dentes durante o sono. “A pressão que esses movimentos involuntários fazem pode causar danos severos nos dentes, nas gengivas, nos ossos e na articulação da mandíbula”, diz Manoel Luiz Souza Cavenagui, cirurgião-dentista.
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E foi o que aconteceu com Sophia. “Passei a apertar os dentes com muito mais força e acordava com o maxilar travado. As dores de cabeça ficaram constantes e isso começou a atrapalhar demais minha vida. Depois de algum tempo, alguns dos meus dentes do fundo e da lateral não tinham mais serrinha e ficaram achatados”, diz a vendedora.“Desgaste do esmalte do dente, aumento da sensibilidade dentária, dor na mandíbula ou na face, dores de cabeça e até dentes lascados, achatados ou soltos são alguns dos sintomas do bruxismo”, diz Manoel.
As coisas foram se agravando até acontecer o pior; Sophia perdeu o primeiro dente. “Primeiro alguns deles trincaram. Já cheguei a acordar engasgada com um pedaço do meu dente na garganta. Por fim, o primeiro dente, que já estava bem quebrado, soltou”, diz a vendedora.
O primeiro encontro com o dentista
Vendo que a coisa estava ficando feia, Sophia decidiu procurar um dentista. Lá, teve que restaurar os dentes quebrados e ainda descobriu que teria que passar a dormir com uma espécie de mordedor, para aliviar o ranger dos dentes.“O médico também me indicou um psiquiatra porque falou que talvez fosse necessário eu tomar calmantes para minha ansiedade, pois isso poderia estar intensificando o meu problema”, diz a vendedora.
“As placas interoclusais de silicone ou as placas rígidas de acrílico ainda são os recursos mais indicados para tratar o bruxismo, pois colaboram para reduzir o atrito entre os dentes. A prescrição de alguns medicamentos para o controle da ansiedade e do estresse pode ajudar, mas não são os responsáveis pelo problema”, diz Manoel.
Soluções em vão
Contrariada, Sophia procurou um psiquiatra e começou a tomar um remédio para a ansiedade de dosagem bem fraca. Como ele não fez efeito e os sintomas do bruxismo continuaram, o médico receitou algo mais forte. “Esse funcionou e, no período que o usei, não apresentei mais nenhum sintoma do bruxismo, mas eu passava o dia todo meio lerda, dopada aí não deu para continuar usando. Afinal, tenho que trabalhar e ainda tenho dois filhos pequenos para cuidar”, diz.
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Com o passar do tempo Sophia acabou perdendo mais alguns dentes e ao procurar o dentista, ouviu um diagnóstico ainda mais cruel. “Eu já havia perdido cinco dentes por causa do bruxismo e o restante estava ocupando os lugares dos que já tinham caído. Para voltar a ter um sorriso bonito, teria que usar um aparelho, fazer o implante de cinco dentes e nunca mais parar de tomar aquele remédio forte para ansiedade”, diz a vendedora.
Outras alternativas
Com o alto custo do tratamento, Sophia optou por outras saídas, faz caminhadas e yoga trêsvezes por semana, está aprendendo a meditar e não parou de usar o mordedor.“Os sintomas vêm e vão, tem dias bons e outros ruins. Ainda tem dias que eu preciso esperar de 10 a 20 minutos para escovar os dentes pela manhã, porque meu maxilar está travado e se eu forçar eu acabo me machucando. Estou fazendo o que posso para diminuir minha ansiedade e tenho a ajuda da minha família, graças a Deus”, diz a vendedora.